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Esperança Futebol Clube
Por Lucas Tieppo
Especial para o Diário
09/10/2009 | 07:00
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O futebol feminino vive boom de visibilidade na mídia nunca visto antes no País. São jogos transmitidos ao vivo no horário nobre da televisão, estádios com bons públicos e até empresas investindo na categoria, considerada o patinho feio do esporte mais popular do Brasil.

E toda exposição se deve à presença de duas das principais jogadoras de futebol do mundo e que hoje vestem a camisa do Santos. Marta, eleita a melhor jogadora do planeta pela Fifa nos últimos três anos, e Cristiane, duas temporadas consecutivas como terceira melhor, disputam a Copa Libertadores Feminina e jogarão a Copa do Brasil pela equipe.

O futebol encontrado nos campos brasileiros, porém, ainda está longe do status alcançado por Marta e Cristiane. Ele está repleto de mulheres que ainda acreditam que o sucesso alcançado pela dupla santista e pela Seleção Brasileira feminina, medalha de prata nas Olimpíadas de Atenas (2004) e Pequim (2008) e vice-campeã mundial em 2007, atingirá todas as praticantes.

É o caso de Roseli e Nilda, duas veteranas no futebol nacional que disputam os 73º Jogos Abertos do Interior por São Caetano (representado pelo time do Corinthians).

"Esperança a gente sempre tem. Se não tivesse, a maioria já teria desistido do futebol. Promessas são muitas, mas já tive vontade de desistir", assume Roseli, que tem as olimpíadas de Atlanta (1996), Sidney (2000) e Atenas, além de dois mundiais, no currículo.

Nilda, que esteve presente em Atlanta e Sidney, também se diz esperançosa de um dia o futebol feminino ter o reconhecido merecido no País. "A esperança é a última que morre, mas sempre fizeram muitas promessas e nunca cumprem. Só nos três últimos anos que teve uma melhora, com mais apoio, mas ainda precisa de muito mais", afirma.

As duas também concordam sobre o maior empecilho para a afirmação do futebol feminino: calendário fixo. "É complicado. Se em um ano melhora, no outro piora. Falta calendário fixo, porque os clubes não contratam sem saber se vai ter campeonato ou não", conta Roseli, que começou no futebol aos 16 anos e hoje, com 40, pensa na aposentadoria. "Acho que jogo o ano que vem e paro. Aí, fico um ano descansando para depois pensar no que fazer."

"O calendário ainda é ruim e os patrocinadores não sabem se vão ter retorno. Já jogamos campeonatos estaduais que não duraram nem um mês", critica Nilda, que tem 37 anos e iniciou a carreira profissional aos 18.

Sobre a repatriação de Marta, que ficará três meses emprestada ao Santos, Roseli aprova com ressaltas o esforço da equipe. "Ter a Marta no País é um grande incentivo, mas acredito que essa exposição vai durar só os três meses que ela ficar por aqui", afirma.

"O que o Santos está fazendo deve servir de exemplo para todos os grandes clubes de todo o Brasil", ressalta Nilda.

EXTERIOR - Tanto Roseli quanto Nilda construíram grande parte das carreiras no futebol internacional. "Joguei no Japão e nos Estados Unidos. Lá fora é muito diferente. O futebol feminino é profissional e se ganha muito bem", lembra.

Nilda atuou no Japão, Itália, Espanha, Estados Unidos, Coréia do Sul e Trinidad e Tobago. "Até em países com pouca tradição no futebol masculino o apoio no futebol feminino é maior do que aqui. Financeiramente, tudo que ganhei no futebol foi conquistado no Exterior", conclui. (Supervisão Angelo Verotti)




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