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Grande ABC conhecerá ditaduras vizinhas

Vítimas de governos militares na América do Sul compartilham suas histórias em Sto.André

Cynthia Tavares
07/05/2014 | 06:40
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A partir de amanhã, o Grande ABC poderá conhecer melhor a história de golpes militares nos países da América do Sul, como o Chile, Uruguai e Paraguai. Inicia nesta sexta-feira, às 19h, o ciclo de debates com personagens diretos e indiretos de ditaduras em territórios vizinhos ao Brasil. O evento ocorrerá no Teatro Municipal de Santo André e os debates seguem no sábado e no domingo.

Depois de relembrar, em abril, os 50 anos do golpe militar que tirou João Goulart, o Jango, da Presidência da República, os brasileiros também terão a chance de entender o fim da democracia em outras nações. “Precisamos acabar com a visão de estrangeiros de que o Brasil não se preocupa em conhecer a história política de outros países”, destacou o coordenador do Centro de Memória do Grande ABC, Cido Faria. A entidade é uma das organizadoras do evento.

Logo no primeiro dia, o bate-papo contará com a presença do ex-presidente paraguaio Fernando Lugo. Alçado ao principal cargo político do país em 2008 com 40,83% dos votos, Lugo foi destituído do posto pelo Senado quatro anos depois, em julgamento relâmpago (durou menos de 36 horas). O impeachment ocorreu por reintegração de posse de um terreno que culminou em 17 mortos e 80 feridos entre camponeses e policiais. Aliados ao então presidente enxergaram a queda como um golpe. No ano passado, 214,8 mil votos credenciaram o ingresso de Lugo ao Senado.

Andrés Pascal Allende, sobrinho do ex-presidente do Chile Salvador Allende, também partilhará suas experiências durante os anos de chumbo em seu país. Ele tinha 30 anos quando o tio foi deposto pelo golpe liderado pelo chefe das forças armadas chilenas, Augusto Pinochet, em 1973.
Em meio ao conflito, Pascal Allende recebeu de presente do tio uma caixa de sapato. Dentro dela havia uma pistola modelo Colt 45 acompanhada de um bilhete: “Faça bom uso desta arma”. Pacifista e defensor do voto popular, Pascal teve de se exilar na Costa Rica.

Outros nomes confirmados para o seminário são os da ex-guerrilheira Criméia de Almeida, torturada pela ditadura brasileira (1964-1985) com oito meses de gravidez, o da boliviana Loyola Guzman, que foi militante das Juventudes Comunistas nos anos de 1960 e que participou de guerrilha com Che Guevara.

Filho de Jango, João Vicente Goulart também participará dos debates, entre outros personagens. A programação completa de ‘Ditaduras no Cone Sul – 50 anos depois’ está disponível no portal www.ditadurasnoconesul.com.br. 




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