Setecidades Titulo Criminalidade
Mapa do crime não
reduz roubo de carro

Promessa da Polícia Militar era combater o tráfico
de drogas e, assim, diminuir modalidade de delito

Por Cadu Proieti Do Diário do Grande ABC
27/05/2013 | 07:13
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Nario Barbosa/DGABC


Regiões que foram consideradas prioritárias pela Polícia Militar para o combate a roubo e furto de veículos no Grande ABC não registraram queda nesse tipo de delito. Pelo contrário, tiveram aumento. Em março do ano passado, o então comandante da corporação na região, coronel Roberval Ferreira França, divulgou o mapa do crime das sete cidades, apontando que 54% dos casos dessa modalidade criminosa estava ligada ao uso e tráfico de drogas. A promessa era combater o comércio de entorpecentes para diminuir a quantidade de carros roubados ou furtados. No entanto, os números mostram que a estratégia não teve resultado efetivo.

Em Diadema, por exemplo, o bairro Piraporinha constava no levantamento como um dos pontos de grande concentração das duas práticas criminosas. Porém, a delegacia que atende o local teve aumento de 48,6% nos casos de roubo e furto de veículos e queda de dez para cinco registros de flagrantes de tráfico de entorpecentes.

Para o ex-coronel da Polícia Militar e especialista em Segurança Pública José Vicente da Silva Filho, a estratégia adotada foi equivocada. “Não concordo que combatendo drogas irá diminuir o roubo de veículos. É muito difícil haver essa ligação. Já fiz várias pesquisas sobre o tema e sempre me convenço de que a droga não afeta mais que, no máximo, 20% dos outros crimes”, analisa.

Silva Filho traçou as características para esse tipo de delito. “Na metade dos casos de furto e roubo de veículos, os automóveis são roubados e deixados na via posteriormente. O bandido usa o carro por pura recreação ou para cometer outro crime, e depois o abandona. A outra metade tem vínculo com o crime organizado, quando os carros desaparecem e viram alvo no mercado ilegal, que é muito grande no País.”

Segundo o especialista, é necessário que a Polícia Militar intensifique o patrulhamento nas regiões identificadas como prioritárias e a que Polícia Civil faça o rastreamento dos autores por meio de investigação.

O atual comandante da Polícia Militar na região, coronel Mauro Cezar dos Santos Ricciarelli, admite que o estudo ainda não surtiu efeito, mas garante que a estratégia ainda trará resultados. “É um trabalho a longo prazo, de identificação e mapeamento de operações. Apesar de não termos conseguido baixar os números, a tendência é diminuir essa prática de crime, tendo reflexo em índices futuros.”

De acordo com o chefe da corporação, a intenção é adotar também outras táticas no combate à modalidade criminosa. “O mapeamento feito foi correto na época. Mas hoje o crime migra. A Polícia Militar está mapeando os desmanches para saber por que os veículos são roubados em uma área e levados a outras localidades. Mas o tráfico de entorpecentes nunca deixou de ser combatido, principalmente nas regiões apontadas. A estratégia continua a mesma, mas com foco diferente. ”




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