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Casa de Herbert Richers está abandonada
Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
09/05/2013 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Os restos de alimentos, roupas, sapatos, preservativos e cápsulas de drogas não deixam dúvidas de que o casarão da década de 1950 se tornou o lar de moradores de rua e usuários de drogas. As paredes que serviram de paisagem para um dos filmes da Família Trapo, Papai Trapalhão, rodado em 1968 com a participação de Jô Soares e outros famosos, hoje colecionam pichações. O teto de madeira está corroído por cupins e, em alguns pontos cedeu, abrindo buracos. O interior da casa está tomado pelo lixo.

É assim que se encontra o imóvel que o produtor de cinema Herbert Richers, morto em 2009 aos 86 anos, construiu para servir de moradia para seus pais, localizado no Centro de Ribeirão Pires. Escondido pela fachada das Lojas Cem na Rua João Domingos de Oliveira, o casarão está se deteriorando por conta da inatividade do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural e Natural da cidade, desfeito em 2005.

Segundo o integrante do Instituto do Patrimônio do ABC Arnaldo Boaventura, o pedido de tombamento do patrimônio histórico (número 6994/03) prescreveu. "Sem o conselho, fica difícil preservar um bem na cidade. O imóvel histórico está correndo o risco de ser demolido, como ocorreu com outros patrimônios por aqui. Como sabem que a demolição causaria alarde entre os moradores que se preocupam com a história do município, deixaram abandonado, à mercê do tempo e da ação de vândalos."

De maneira semelhante Ribeirão Pires perdeu o Casarão da Ponte Seca, construído pelo italiano Domingos Zampol entre os anos de 1913 e 1915 e demolido em 2011, e também a Capela de Santa Luzia, que desabou no início de 2010 após sucessivas enchentes e nenhuma reforma.

INVASORES

O mesmo ocorre com o imóvel da família Richers. O portão que dá acesso ao local não tem cadeado, o que facilita que vândalos adentrem no terreno tomado pelo mato. A única coisa que impede a entrada à residência são tapumes que recobrem as portas principais e o acesso aos andares superiores. No que seria o porão da casa, é possível entrar pela janela dos fundos, que teve o vidro quebrado.

No momento em que a equipe do Diário esteve no local, grupo da GCM (Guarda Civil Municipal) realizava treinamento de abordagem para novos integrantes da corporação. Armados, vistoriaram a casa e constataram que, no momento, não havia ninguém ali. A cena rara, conforme um deles, já que é comum que sejam encontrados invasores no casarão, muitas vezes em uso de entorpecentes. "Se fosse revitalizado, a situação seria bastante diferente."

A Prefeitura de Ribeirão Pires foi procurada para esclarecer se pretende tomar alguma atitude em relação ao estado de abandono do casarão, porém, não se manifestou.

HISTÓRIA

Dono de uma empresa pioneira de dublagem no País, que levava seu nome, o produtor ficou conhecido pela frase "versão brasileira Herbert Richers".

O produtor nasceu em Araraquara, no interior de São Paulo, e começou a produzir cinema em meados dos anos 1950. Foram cerca de 60 filmes ao longo de sua carreira.




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