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Noite foi de João Jardim e Marcelo Gomes
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05/11/2005 | 09:18
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João Jardim e Marcelo Gomes estavam felizes da vida quinta-feira à noite, no encerramento da 29ª Mostra BR de Cinema, no Memorial da América Latina. Foram os grandes vencedores da festa. Tiveram de subir várias vezes ao palco na cerimônia que precedeu a apresentação da versão restaurada de O Encouraçado Potemkin, de Sergei M. Eisenstein, com música ao vivo – a trilha composta por Edmund Meisel em 1926, com regência do maestro João Maurício Galindo, à frente da Orquestra Jazz Sinfônica. Potemkin foi deslumbrante. Neste sábado, às 21h, no mesmo local, haverá nova apresentação com música ao vivo. Não perca por nada deste mundo.

João Jardim ganhou o prêmio da juventude e o de melhor documentário do júri oficial e do popular com Pro Dia Nascer Feliz. "Toda essa acolhida para um filme que trata de educação no País é alentadora", disse. Marcelo Gomes venceu na categoria melhor ficção, para a crítica e o júri popular, por Cinema, Aspirinas e Urubus, que estréia dia 11. E ainda subiu ao palco para receber o prêmio de melhor ator, que o júri instituiu para destacar o excepcional trabalho de João Miguel. Jardim recebeu o Prêmio Bombril, no valor de R$ 15 mil, que lhe coube pela vitória no júri popular. A melhor ficção para o público, vencedora do prêmio de R$ 25 mil da Bombril, foi Quarta B, de Marcelo Galvão.

O júri oficial atribuiu mais alguns prêmios – o de melhor roteiro para Liev Schreiber, por Uma Vida Iluminada, pela maneira como se vale dos objetos para resgatar uma história dramática que remete ao horror da Segunda Guerra, e prêmio especial para a direção e iluminação de O Pavão, do chinês Gu Chang-wei, que criam um clima poético muito forte numa obra de poderoso recorte humano e social. Pela segunda vez, o criador da Mostra, Leon Cakoff, e sua parceira Renata Almeida atribuíram o troféu Humanidade, que destaca um artista cuja obra permite ao público tomar consciência do mundo em que vive. O troféu foi criado em 2004 e, na primeira edição, premiou o mestre Manoel de Oliveira. Este ano, quem subiu ao palco do Memorial da América Latina foi o grande Eduardo Coutinho, documentarista que fez um discurso breve de agradecimento. "Como diz o ditado, quem fala demais fica besta", observou.

Como sempre, a cerimônia foi uma comédia de erros, que Cakoff e Renata tentaram evitar, entregando a apresentação a uma dupla conhecida da TV – Marina Person e Serginho Groisman. Foi pior. Quando erravam, pelo menos era em nome de alguma coisa – a defesa do amadorismo numa Mostra feita com competência, mas (quase) artesanal, graças à dedicação de muita gente que torna possível o maior evento de cinema em São Paulo. Entre outras trapalhadas, Marina e Groisman chamaram João Batista de Andrade ao palco na hora errada e ele recebeu de graça uma vaia do público ao ser anunciado como secretário de Estado da Cultura do governo Alckmin. Andrade virou o jogo. Já que não tinha o que fazer – o prêmio que lhe caberia entregar já fora dado –, convidou o público a assistir a seu filme sobre Vladimir Herzog. A vaia virou aplauso.

Premiados

JÚRI

- Melhor ficção: Cinema, Aspirinas e Urubus (Marcelo Gomes)

- Melhor documentário: Pro Dia Nascer Feliz, de João Jardim

- Prêmio especial: O Pavão, de Gu Chang-wei

- Melhor roteiro: Liev Schreiber, por Uma Vida Iluminada

- Melhor ator: João Miguel, por Cinema, Aspirinas e Urubus

PÚBLICO

- Melhor ficção brasileira: Quarta B, de Marcelo Galvão

- Melhor documentário brasileiro: Pro Dia Nascer Feliz

- Melhor ficção estrangeira: Adam’s Apples, de Anders Thomas Jensen

- Melhor documentário estrangeiro: Bergman Completo

CRÍTICA

- Melhor filme estrangeiro: O Mundo, de Jia Zhang-Ke

- Melhor filme brasileiro: Cinema, Aspirinas e Urubus

- Menção para a retrospectiva de Victor Sjöström

ESPECIAL

- Troféu humanidade - Eduardo Coutinho: conjunto da obra




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