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Cláudio Zoli para dançar e cantar
Por Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
27/05/2006 | 08:57
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Durante muito tempo, Cláudio Zoli foi um dos acionistas menos prestigiados da soul music à pururuca. Pudera: quando o cantor e compositor iniciou a carreira, primeiro como integrante da banda do canônico Cassiano e depois como co-fundador do grupo Brylho, já nos idos da década de 80, os referenciais do gênero abrasileirado eram Tim, King Combo, a Black Rio, além do próprio Cassiano. Anos depois, Zoli reapareceu reclamando participação majoritária na black music. E é este Zoli, veterano entre calouros, que se apresenta a partir das 15h de domingo no Parque Central, em Santo André, com entrada franca.

Antes de Zoli pregar seu soul sobre o palco ao ar livre do parque, haverá abertura do rapper Arnaldo Tifu. Depois, é hora de deixar o James Brown interior se manifestar ao som da atração principal.

Sobre o repertório do cantor e compositor nascido em São Gonçalo (RJ), é aquele mesmo que já incentivou muita gente a encerar pistas de dança noite afora: Noite do Prazer, À Francesa, Cada Um Cada Um (A Namoradeira). Hits reinventados por Zoli em 2001, para constituírem o disco Na Pista, o segundo álbum do artista nesta sua fase de renascimento, de reencontro após oito anos apartado do mercado fonográfico (o primeiro foi Férias, de 1999, composto por canções então inéditas).

Zoli sobre o palco é um pedaço ao vivo da recente história do pop brasileiro. Começou a despontar para o cenário em 1982, quando, junto à banda Brylho, visitou as paradas de sucesso com Noite do Prazer. Música que malhou muito alto-falante à época, era a credencial para o cantor bandear para uma carreira solo após a dissolução da Brylho, em 1985.

Um ano depois, lançou o primeiro monólogo fonográfico, com o sugestivo título Livre para Viver. Acabou celebrizado como fábrica de hits para outras vozes, como Marina Lima (que gravou À Francesa, composta com Antônio Cícero) e Elba Ramalho (Felicidade Urgente). Em 1993, reúne-se aos contemporâneos Ritchie e Vinícius Cantuária para formar o Tigres de Bengala, grupo de vida tão fugaz quanto desconhecida. Seis anos depois, volta aos estúdios para gravar o já citado Férias.

Para tornar essa revisão da história recente da MPB mais atraente Zoli conduz seu show segundo as repaginações que providenciou em Na Pista, disco que além de aplicar novos arranjos e novas abordagens das faixas mais óbvias contém também outras músicas de sua lavra, casos de Amor Demais, Livre para Viver e Flor do Futuro, canção que acabou gravada por João Marcello Bôscoli e, mais recentemente, por Wilson Simoninha. Há espaço também para versões do Zoli intérprete para Gostava Tanto de Você (de Edson Trindade, famosa na interpretação de Tim Maia) e Linha do Equador (Djavan).

Show para dançar e para cantar junto. Ah, e por falar nisso, uma dica aos que eram adolescentes radiofônicos nos anos 80: quando acompanhar os versos de Zoli durante a execução de Noite do Prazer, lembre-se que depois de “Na madrugada, a vitrola rolando um blues”, nem o cantor nem a vitrola nem ninguém está “trocando de biquíni sem parar”. Na melhor das hipóteses – ou melhor, na única hipótese – estão “tocando B.B. King sem parar”.

Cláudio Zoli – Neste domingo, às 15h, no Parque Central – r. José Bonifácio, s/ nº, Vila Assunção, Santo André. Informações: 4433-0711. Entrada franca.




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