Política Titulo Eleições 2020
Diadema e Mauá retornam hoje às urnas para definir seus prefeitos

Em Diadema, Filippi tenta voltar ao Paço e recuperar força do PT e Taka busca primeira vitória; Em Mauá, Atila luta pela reeleição após mandato turbulento e Marcelo batalha para superar antipetismo

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
29/11/2020 | 00:01
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Em Diadema, Filippi tenta voltar ao Paço e recuperar força do PT; Taka busca primeira vitória

Após oito anos de Lauro Michels (PV) como prefeito de Diadema, os 329.171 eleitores da cidade vão às urnas para escolher entre dois candidatos com perfis completamente distintos.

Prefeito por três ocasiões e líder no primeiro turno, com 92.670 votos (45,65% dos válidos), o engenheiro José de Filippi Júnior (PT), 63 anos, vai em busca do quarto mandato carregando peso extra de ser a aposta do petismo a reconduzir a sigla depois da varrida eleitoral sofrida há quatro anos.

Do outro lado está o também engenheiro Taka Yamauchi (PSD), 42. Em sua segunda aparição na corrida majoritária, tenta impedir a volta do PT para a Prefeitura de Diadema, mas rejeitando por completo aproximação com Lauro e outras faces da gestão do verde.

Lauro Michels fez história em 2012 quando, aos 30 anos, superou o PT. Em 1982, ano de nascimento de Lauro, o ferramenteiro Gilson Menezes se elegeu o primeiro prefeito petista do Brasil. Durante sete eleições consecutivas, somente políticos oriundos do petismo se elegeram prefeitos no município – Gilson (1982 e 1996), José Augusto da Silva Ramos (1988), Filippi (1992, 2000 e 2004) e Mário Reali (2008). Coube a Lauro quebrar esse histórico.

Mas, depois de oito anos, encerra a gestão com alto índice de rejeição – pesquisa Diário/Ibope apontou que 75% dos diademenses desaprovam o governo do verde. Teve dificuldades em unir sua base em torno da sucessão, viu o deputado estadual Márcio da Farmácia (Podemos) rejeitar missão de ser prefeiturável, escolheu o presidente da Câmara, Pretinho do Água Santa (DEM), como candidato do Paço e observou o fracasso do democrata, quarto colocado no pleito, longe de ir à fase final da eleição.

Durante o segundo turno, quadros do governo Lauro buscaram aproximação com Taka. O pessedista, porém, refutou a maioria. Constrangido em ato que contou com participações da primeira-dama Caroline Rocha, do secretário de Assuntos Jurídicos, Fernando Moreira Machado (Pros), e do assessor de gabinete Marquinhos da Liga (PV), prontamente declinou do apoio dos Michels. Assim com fez com Pretinho. A despeito do afastamento, viu Filippi o taxar como candidato ‘laurista’.

Para potencializar os 31.301 votos (15,42%) recebidos, Taka apostou em união regional. O prefeito reeleito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), o vice-prefeito de São Bernardo, Marcelo Lima (PSD), e o prefeito de Ribeirão Pires, Adler Kiko Teixeira (PSDB), articularam impulso da campanha. A frustração ficou na conta da neutralidade anunciada pelo terceiro colocado no primeiro turno, Ricardo Yoshio (PSDB, 29.726 votos).

Do lado da campanha petista, Filippi escolheu uma vice de dentro do PT. Para os mais supersticiosos, primeiro passo certo. Com exceção de 2008, quando Reali venceu no primeiro turno com Gilson, então no PSC, como vice, em todos os outros triunfos da legenda houve chapa pura. Patty Ferreira (PT), em sua primeira aparição em eleições, visa dar espaço às mulheres e aos negros dentro da campanha.

A possibilidade do quarto mandato de Filippi, o que seria recorde regional, também moveu o PT. Sem eleger militantes na Região Metropolitana no primeiro turno e com apenas mais dois prefeituráveis no segundo turno – Marcelo Oliveira, em Mauá, e Elói Pietá, em Guarulhos –, Diadema virou a menina dos olhos do petismo paulista. A reconstrução do PT passa pela vitória em solo diademense, creem as lideranças da legenda. E Filippi viveu de perto a experiência da primeira gestão petista: foi secretário de Obras de Gilson.

POPULAÇÃO: 426.757

ELEITORES: 329.171

ORÇAMENTO: R$ 1,5 bilhão

Em Mauá, Atila luta pela reeleição após mandato turbulento; Marcelo batalha para superar antipetismo

Pela sexta eleição consecutiva, o eleitor de Mauá decidirá seu prefeito no segundo turno. Desde que o município atingiu o número de eleitores que possibilitaria a realização de dois turnos, em 2000, sempre a cidade escolheu seu gestor em uma disputa cara a cara, afunilada.

Desta vez, Atila Jacomussi (PSB), atual prefeito, e Marcelo Oliveira (PT), vereador em terceiro mandato, duelam pelos votos dos 306.518 eleitores do município.

Depois de dois mandatos de vereador e um de deputado estadual, Atila chegou ao comando da Prefeitura de Mauá em uma ampla aliança antipetista em 2016. Uniu-se com a família Damo, teve apoio do PSDB e suporte do ex-vice-prefeito Márcio Chaves (PSD).

O mandato, entretanto, começou conturbado com o rompimento repentino com Júnior Orosco (PDT) – era para ser, inclusive, seu vice, mas foi substituído por Alaíde Damo (MDB), ex-primeira-dama de Mauá. E ficou de cabeça para baixo em maio de 2018.

Naqueles mês e ano, Atila foi preso, acusado pela PF (Polícia Federal) e pelo MPF (Ministério Público Federal) de liderar suposto esquema de desvios de recursos destinados para compra de merenda e uniforme escolares. Saiu da cadeira já rompido com sua vice. Mas foi novamente detido em dezembro de 2018, desta vez apontado pela PF e MPF por supostamente pagar mensalinho a 21 dos 23 vereadores eleitos com ele em 2016. Em abril do ano seguinte, a Câmara cassou seu mandato, por vacância do cargo.

Todos esses passos foram revertidos por Atila na Justiça. Ele reassumiu definitivamente o mandato em setembro de 2019. Se reestruturou, reaglutinou sua base política e, quando havia consenso no meio político de que o socialista não teria forças para buscar a reeleição, não só se lançou na corrida eleitoral como apareceu como favorito nas pesquisas.

A crise política fez pulverizar o número de candidatos – foram 13 no primeiro turno. Mesmo assim, Atila encerrou a etapa inicial na frente, com 70.490 votos (36,48% dos válidos).

Atila vai encarar justamente um dos raros vereadores que não foram acusados pela PF e pelo MPF de receber mensalinho do governo. Ex-presidente da Câmara e voz quase solitária da oposição, Marcelo lançou sua candidatura à Prefeitura sob desconfiança até mesmo do PT, que vivia crise com a saída do ex-prefeito Donisete Braga (PDT) e desempenho aquém do esperado em 2016.

Havia tese de que o ex-prefeito Oswaldo Dias (PT), que governou Mauá em três oportunidades, deveria ser o prefeiturável. Marcelo foi escolhido e bancou Oswaldo como vice. Às vésperas do pleito, Oswaldo decidiu se retirar. Com processos jurídicos às costas, optou ficar fora para não contaminar a chapa. A mulher dele, Celma Dias, foi definida ao posto.

Marcelo foi ao segundo turno depois de superar o ex-juiz João Veríssimo (PSD) por irrisórios 655 votos. Ultrapassou um adversário cuja família tem longa trajetória no petismo – a mãe de Veríssimo, Celcina Fernandes, foi a primeira vereadora do PT na cidade; o irmão dele, Rômulo Fernandes, além de ex-vereador é vice-presidente do diretório local.

O prefeiturável do PT não conseguiu obter o apoio de Veríssimo no segundo turno – o pessedista declarou neutralidade. Mas aglutinou a adesão de Donisete, que havia deixado o petismo três anos antes em clima de animosidade. Viu, por outro lado, Atila abraçar outros rivais do primeiro turno, como Zé Lourencini (PSDB).

Assim como em Diadema, Marcelo se tornou esperança de o petismo retomar o poder. Possibilidade essa que se transformou como alvo central da campanha de Atila. 

POPULAÇÃO: 477.552

ELEITORES: 306.518

ORÇAMENTO: R$ 1,2 bilhão




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