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Chefe da diplomacia de Trump ignora resultado e prevê segundo mandato
11/11/2020 | 06:44
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O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, apoiou as alegações do presidente Donald Trump de que ele venceu a eleição. Em coletiva de imprensa nesta terça-feira, 10, Pompeo ignorou resultado das urnas, não reconheceu a vitória de Joe Biden e garantiu que haverá uma transição pacífica de poder para um "segundo governo Trump".

A Casa Branca tem se negado a facilitar a transição de poder, diante da insistência do presidente em dizer que houve fraude generalizada na votação e afirmar que os tribunais reconhecerão a ilegalidade dos votos a favor de Biden. No entanto, não há até o momento nenhuma ação na Justiça com argumentos bem embasados para reverter o resultado da eleição.

Mesmo assim, a orientação dada os funcionários do governo federal é para todos agirem como se não houvesse um novo presidente a tomar posse em janeiro. Ontem, o jornal Washington Post revelou que a Casa Branca instruiu as agências a continuarem trabalhando na proposta de orçamento para o próximo ano fiscal, que deve ser apresentado em fevereiro. A posse de Biden acontece em 20 de janeiro e o orçamento, portanto, já seria uma atribuição do novo presidente.

Com medo de que o governo promova uma queima de arquivos e registros oficiais, quase duas dúzias de presidentes de comitês da Câmara enviaram cartas a mais de 50 agências federais pedindo que os funcionários cumpram as regras de preservação dos registros, segundo revelou o site Político. Uma das cartas foi endereçada ao gabinete executivo do presidente, na Casa Branca.

"Nos últimos quatro anos, o governo obstruiu inúmeras investigações do Congresso, recusando-se a fornecer informações adequadas", escreveram os deputados democratas. "Você é obrigado a garantir que qualquer informação previamente solicitada pelo Congresso - e qualquer outra informação que esteja preservada por lei - seja salva e devidamente arquivada de uma maneira que seja facilmente recuperável", diz a carta dos parlamentares.

Funcionários de carreira, tanto nas agências que tratam do orçamento como na diplomacia, estão irritados e surpresos com a posição do governo de ignorar a necessidade da transição. Alguns disseram que Pompeo falou em tom de piada sobre um segundo governo Trump, mas o secretário reiterou a tese do presidente de que ainda há votos a serem apurados.

"Nós estamos prontos. O mundo está assistindo ao que está acontecendo. Nós vamos contar todos os votos. Quando o processo estiver completo, haverá um eleito. Há um processo, a Constituição estabelece de maneira muito clara", afirmou Pompeo.

Durante a campanha, Pompeo rompeu tradições à frente da diplomacia americana ao se envolver politicamente com os esforços de reeleição de Trump. Nos últimos 75 anos, os secretários de Estado em exercício não participaram da convenção partidária, algo que ele fez por este ano. Pompeo é considerado um dos potenciais candidatos à eleição em 2024 pelo Partido Republicano.

Questionado se a recusa em admitir a vitória de Biden e a resistência em trabalhar com a equipe do democrata seriam ameaças à segurança nacional, Pompeo afirmou que "o mundo pode ter confiança" que a transição de poder necessária será feita. "Nós faremos tudo que for necessário para garantir que o governo americano continue a ser funcional."

"Eu estou recebendo ligações de todo o mundo. Eles entendem que isso leva tempo. Levou 37 dias a mais em 2000, tivemos uma transição bem sucedida. Estou muito confiante que precisamos contar todos os votos legais."

Reservadamente, diplomatas de várias partes do mundo vêm questionando o risco que os EUA correm de perder a capacidade de cobrar de outros países eleições limpas, se não conseguem organizar um processo eleitoral dentro da própria casa.

Ontem, Pompeo se irritou quando foi questionado sobre o assunto. "É ridículo", repetiu três vezes. "Esse departamento se preocupa que eleições sejam livres e justas ao redor do mundo. Meus funcionários arriscam a vida para garantir que isso aconteça. Também encontramos situações em que as coisas não estão claras. E nós trabalhamos para descobrir fatos, para entender se o resultado reflete a vontade do povo", disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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