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Sabedoria no voto
Por Daniela Dahrouge
Diego Sartorato
e Flávia Braz
Especial para o Diário
20/08/2006 | 21:35
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Se para muitos a palavra obrigação é sinônimo de peso, fardo, ou mesmo, ausência de democracia, para 4,78% dos eleitores do Grande ABC, no entanto, ela parece não surtir efeito. Na região, cerca de 87 mil pessoas acima de 69 anos fazem questão de participar das eleições, mesmo sem a obrigatoriedade legal de votar. Em busca de desvendar os motivos que levam esse número considerável de idosos a sairem de casa, enfrentarem fila e registrarem seus votos nas urnas eleitorais, o Diário percorreu algumas das principais praças e pontos de encontro dos idosos no Grande ABC e, além de interromper dezenas de partidas de dominó e carteados, deparou-se com uma parcela significativa de pessoas que, mesmo desiludidas com os políticos, não abrem mão da participação no processo eleitoral.

“A maioria não sabe votar, mas por causa de um voto uma pessoa pode ganhar, não é verdade?”, pondera o pedreiro aposentado, José Ribeiro dos Santos, que hoje trabalha como homem placa para se sustentar.

Na praça – Falar de política não é complicado, ainda mais no banco da praça, com cinco ou seis idosos reunidos e sedentos por uma discussão. A dificuldade maior fica por conta de conseguir a atenção deles em meio as rodadas de dominó. Quando isso acontece, contudo, as respostas são no mínimo inusitadas. “Mesmo se eu não puder mais andar e alguém vier me pegar em casa eu voto. Disso eu não abro mão”, afirma o aposentado de inspetor de pintura da Petrobras, Manoel da Cruz, 72 anos.

Muitas mulheres também fazem questão de registrarem suas escolhas políticas. “Sempre votei, não preciso, mas vou. Se a gente não for votar, como vai ficar? Tá danado para acertar, mas que precisa votar precisa”, diz Iolanda Ferreira, 71 anos, dona de uma banca em Santo André há mais de 25 anos.

Passa-tempo – Há aqueles, entretanto, que dão às eleições um tom mais humorístico do que propriamente político. É o caso de Francisco Messias da Silva, de 70 anos. Engajamento político? Nada disso. O grande atrativo do pleito para o metalúrgico é o “bate-papo com os outros velhos”. “Chega lá na fila é uma beleza, está cheio de velho que só fala ‘abobrinha‘. Nem a fila do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) é tão divertida como a das eleições”, diverte-se o aposentado.

(Supervisão de Arthur Lopez)




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