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Bancos elevam tarifas bancárias
Por Adriana Mompean
Do Diário do Grande ABC
07/11/2005 | 07:44
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Antes de completar um mês após o fim da greve nacional dos bancários, que durou seis dias e terminou em 13 de outubro, alguns dos principais bancos do país já começaram a promover reajustes em parte de suas tarifas bancárias. Itaú e ABN Amro Real já cobram a mais pela utilização de alguns serviços desde o último dia 1º e o banco Santander Banespa se prepara para elevar preços de algumas tarifas a partir de 1º de dezembro. Já o Bradesco e Unibanco reajustaram parte de suas tarifas em 1º de outubro, época de campanha salarial dos bancários.

“Todo ano, após a campanha, os bancos fazem reajustes nas tarifas bancárias. É automático. Mesmo lucrando muito, eles não querem perder nada. Os Correios (no qual os funcionários também conseguiram recentes reajustes na campanha salarial) também já aumentaram alguns preços”, afirma Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região.

A opinião é compartilhada por Rita Serrano, diretora do Sindicato dos Bancários do ABC e diretora de Finanças da Federação Estadual dos Bancários. “Normalmente, os bancos aumentam as tarifas uma vez ao ano, geralmente de outubro a novembro, logo após a campanha salarial e também época de pagamento do 13º salário e de grande movimentação financeira nas instituições”, diz.

Procurados pelo Diário, os bancos que promoveram algum tipo de reajuste nas tarifas não se manifestaram. O Bradesco enviou nota em que afirma que as tarifas bancárias constituem a forma de remuneração pelos serviços prestados aos clientes com a finalidade de ressarcir parte dos custos operacionais. Já a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) argumentou que a política de reajustes de tarifas compete a cada instituição.

Neste ano, os bancários conseguiram reajuste de 6%, R$ 1,7 mil de abono e PLR (Participação nos Lucros ou Resultados) de 80% do salário mais R$ 800 fixos.


Lucros – De acordo com dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), os bancos conseguem pagar a folha de pagamento dos funcionários apenas com o que arrecadam das tarifas bancárias. A média da receita de serviços sobre a despesa de pessoal nos onze maiores bancos do país foi de 103,4% no ano passado.

Ainda segundo dados do Dieese, o lucro dos onze maiores bancos do país – com as receitas de prestação de serviços – cresceu sete vezes nos últimos dez anos. Em 1994 era de R$ 4,063 bilhões e pulou para R$ 28,124 bilhões em 2004. Segundo a Secretaria de Estudos Econômicos do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, as receitas de serviços representam um terço do lucro das instituições.

Pesquisa realizada pela Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) detectou que as tarifas em 14 instituições bancárias no país variaram até 48,15% entre abril de 2004 e março de 2005 e a elevação das cestas de serviços chegou a 86,67%, enquanto que a inflação, medida pelo IPCA, ficou em 7,54%. O estudo também detectou que a diferença encontrada nos pacotes de serviços oferecidos nas instituições foi de cerca de R$ 450.

Não existe padronização tarifária no Brasil. Pela resolução 2.303/96 do Banco Central, as instituições financeiras só são obrigadas a comunicar ao BC e a seus clientes a cobrança de nova tarifa e os aumentos existentes com 30 dias de antecedência. As informações sobre os valores máximos dos serviços e as datas de vigência das tarifas estão disponíveis no site da instituição.

Segundo órgãos de defesa do consumidor, a única maneira para que o consumidor lute contra abusos das instituições é a pesquisa. “O cliente informado pode negociar com seu gerente a isenção de um serviço fazendo uma alteração em seu perfil. Muitas vezes, a pessoa acaba pagando por uma coisa que nem está muito interessada, como um extrato semanal”, afirma Léo Sztutman, economista do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).




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