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Frio aquece visitas à Serra Catarinense
Por Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
23/04/2003 | 18:31
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O frio, pelo visto, resolveu chegar mais cedo este ano, e já começa a aquecer o turismo rural em regiões como o Planalto Serrano catarinense, onde a neve é, quase sempre, garantida nos períodos mais gelados do inverno. De quente, só mesmo as histórias de tropeiros contadas ao pé do fogo de chão, o pinhão, o chimarrão e o camargo (café moído com açúcar queimado e um esguicho de leite tirado na hora para espumar), além, é claro, do calor humano daqueles que abrem as portas de suas fazendas centenárias ao turista para oferecer-lhe a oportunidade de viver autênticos dias de peão.

Devido à proximidade com o Rio Grande do Sul, todo o planalto serrano catarinense sofreu a influência do modo de vida gaúcho. A semelhança é tanta que, em 1992, foi criada a rota Caminhos da Neve para integrar as principais cidades serranas dos dois Estados. Em território catarinense, o roteiro abrange os municípios de Urupema, Rio Rufino, Urubici, Painel e as badaladas São Joaquim e Lages, além das curvas estonteantes da estrada que corta a Serra do Rio do Rastro, ligando os municípios de Lauro Müller e Bom Jardim da Serra.

Lages, fundada por tropeiros que transportavam gado dos pampas até São Paulo, foi o primeiro município a abrir suas fazendas à visitação, condição que lhe garantiu o título de Capital Nacional do Turismo Rural. A proposta, na época, era tão simples quanto o estilo de vida campeiro: oferecer ao visitante a chance de observar a tosquia da ovelhas, a doma dos cavalos e a vacinação do gado, bem como ordenhar vacas, pescar em açudes e andar a cavalo pelas extensas coxilhas (campos ondulados) da região, cercadas por cânions, taipas (muros de pedra) e matas de araucárias.

De quebra, comer bolinhos-de-chuva à tarde e, quando chega a lua, churrasquear no fogo de chão, ouvindo modas de viola e histórias do folclore regadas a vinho quente e pinhão na brasa.

É nessas horas que se contam lendas como a do Gritador, criatura que, dizem, costuma vaguear pelos campos de araucárias de Urubici apavorando seus habitantes com um uivo que ecoa do mato e faz os cavalos relincharem. Quem não tem medo dele, no entanto, pode embarcar nas histórias de tesouros supostamente enterrados entre as montanhas dos Aparados da Serra Geral e, quem sabe, decifrar enigmas inscritos em mapas divulgados a boca pequena.

Artesanato – Como o frio é quem dá as cartas na região, o artesanato da serra catarinense traz como destaques artigos confeccionados em lã de carneiro, palas (ponchos), produtos derivados do couro e delicadas figuras esculpidas em nó de pinho.




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