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Macaco-prego domesticado cria polêmica em Sto.André e na capital
Por Verônica Fraidenraich
Do Diário do Grande ABC
12/05/2006 | 08:13
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Um macaco-prego domesticado vem causando polêmica que se estende do Parque Erasmo Assunção, em Santo André, à cidade de São Paulo. Criado por uma dona-de-casa e amado por vizinhos dela, Joe, como é chamado, acabou sendo apreendido pela Polícia Ambiental e foi levado ao Parque Ecológico do Tietê, na capital, de onde sumiu. Ficou desaparecido por alguns dias e reapareceu quinta-feira, depois de ouvir a voz da ex-dona, que foi até o parque depois de saber que o animal tinha sido visto, mas que guardas não tinham conseguido capturá-lo.

Havia um ano e meio que a dona-de-casa Neide Prestes de Lara, 45 anos, de Santo André, criava ilegalmente o macaco-prego, um animal silvestre. Ela ganhou o macaco de um vizinho, que o teria comprado no bairro de Itaquera, zona Leste da capital. Neide sofre de depressão, e conta que o macaco mudou sua vida. “Chegou magrinho e com gripe, mas comecei a cuidar e logo ele ficou saudável”. Em casa, Joe assistia TV, tomava banho e dormia com Neide e o marido dela. “Ele gosta de mamadeira de leite,  frutas e legumes”.

Na vizinhança ninguém tinha problemas com o macaquinho, que com freqüência brincava com a garotada do bairro. Mas, no último dia 21, enquanto Neide estava dentro de casa, o macaco mordeu um garoto na rua. A vizinha Aline Pires, 25 anos, promotora de vendas, diz que a mordida foi uma reação a uma agressão da criança. “O menino puxou uma mão cheia de pêlo”.

Após o incidente, a Polícia Ambiental de São Bernardo esteve na casa de Neide por duas vezes. Na primeira, ao constatar as boas condições em que o animal vivia, decidiu deixá-lo na casa. “Como não é animal ameaçado de extinção e por ser difícil conseguir vaga nos parques, fizemos uma advertência verbal para que ela não adquirisse outros anima-is”, explica o soldado Eloy Rodrigues. Dias depois, sabendo da mordida, a Polícia Ambiental decidiu levar Joe ao Parque Ecológico Tietê.

No dia seguinte ao que o animal foi levado, Neide foi até o parque. Lá, soube que Joe havia fugido. A veterinária do parque, Liliana Milanelo, explica que o macaco fugiu no momento em que a Polícia Ambiental fazia a entrega do animal. A polícia, porém, afirma que a fuga ocorreu quando um funcionário do parque fazia transferência entre jaulas.

Neide passou a visitar o local diariamente na esperança de encontrar Joe. Quinta-feira pela manhã, seguranças do parque encontraram o macaco, mas não conseguiram capturá-lo. À tarde, Neide soube do ocorrido e foi para lá. Na área onde o animal havia sido visto, começou a chamar seu nome. “Ele me reconheceu e pulou em mim”.

Mas a lei é fria. Apesar do amor por Neide, Joe terá de continuar no parque. De acordo com a veterinária Liliana, o animal está bem e ficará de quarentena, para observação e realização de exames. Depois, caberá à Justiça decidir o destino do afetuoso macaco-prego. Neide ainda terá de responder a processo criminal por criar animal em cativeiro. “Ele (Joe) deve ser encaminhado para criadouro de conservação ou área de soltura monitorada”, prevê Liliana.

O presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia, Fabiano Rodrigues Melo, lembra que tal crime ambiental prevê detenção de até um ano e multa de até R$ 5 mil ao criador. Certamente, Joe não concordaria. (Colaborou Adriana Gomes)



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