O seminário Queremos outro Brasil, convocado pelos deputados federais, reuniu cerca de 800 militantes em São Paulo. Novos seminários estão sendo marcados em outros Estados e já nesta semana os organizadores devem entregar ao comando do PT e ao governo um receituário básico de mudanças urgentes.
Na avaliação dos parlamentares, o prazo para a mudança da economia está se esgotando, sob risco de o país não recuperar a capacidade de crescimento. “Se isso ocorrer no segundo semestre, já pode ser tarde demais”, alertou o economista da Unicamp Ricardo Carneiro, um dos formuladores do programa de Lula na campanha de 2002.
Na receita para crescer, as propostas respondem a itens previstos no acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Mas os organizadores consideram que todas são viáveis numa economia globalizada e capitalista. Eles propõem, entre outras coisas, reduzir o superávit primário para liberar recursos para investimentos e rever a política cambial e reforçar as reservas em moeda internacional para garantir maior capacidade de negociação externa e diminuir a vulnerabilidade da economia.
Também querem rever o papel dos bancos públicos, favorecendo o microcrédito, financiando a produção e reduzindo o spread bancário. Outra proposta, ainda sem consenso, prevê o controle do fluxo de capitais.
Alternativas – Além de discutir as políticas econômicas e sociais do governo, os petistas reivindicaram o direito de discordar da cúpula partidária e de discutir alternativas. “Não estamos aqui para desestabilizar nada nem pedir a cabeça do ministro Antônio Palocci (Fazenda). Quem tem autoridade para isso é o presidente Lula, mas é hora de mudar e isso precisa ser feito já”, disse o deputado Ivan Valente (PT-SP), um dos organizadores do seminário.
A lista de propostas foi elaborada a partir da exposição de Ricardo Carneiro, e incluiu reflexões dos também economistas Carlos Eduardo Carvalho e João Alfredo, co-autores dos programas de 1989, e da economista Laura Tavares, que debateu os programas sociais.
Patrus – Embora convidado a participar do seminário, Palocci não compareceu. A voz oficial ficou na boca do ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, que expôs os problemas de sua área e evitou entrar no debate econômico. Recebeu aplausos e também ouviu cobranças.
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