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A atuação das mulheres na política

Criada em 1995, a obrigatoriedade de cotas de gêneros nas chapas proporcionais está longe de cumprir seu objetivo

Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
18/10/2016 | 07:00
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Criada em 1995, a obrigatoriedade de cotas de gêneros nas chapas proporcionais está longe de cumprir seu objetivo. Na teoria, os partidos têm de apresentar ao menos 30% de seus candidatos de um dos gêneros: homens ou mulheres. Na prática, a medida visava estimular as candidaturas femininas, para que elas ocupassem mais cargos eletivos. Mas a realidade é outra. São apenas 10% de mulheres prefeitas e 12% de vereadoras no Brasil. Na Câmara Federal, estão em 44 cadeiras das 513 existentes (8,6%). No Senado, são 13 entre 81 (16%). Nesta eleição, o Grande ABR elegeu só quatro mulheres entre as 142 vagas nos legislativos municipais. Ínfimos 2,8%. Foram dez em 2012, equivalente a 7%. Por outro lado, computados os 142 últimos colocados na corrida pelas Câmaras da região em 2016 (respeitando-se a proporcionalidade de cada cidade), a conclusão é estarrecedora. Foram 83 mulheres nas últimas posições, ou 58,4%. Forte indício de que elas são usadas simplesmente para cumprir as cotas exigidas por lei. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) fez campanha institucional em rádio e televisão, em todo o território nacional, para incentivar a participação das mulheres no pleito. “Mais do que cumprir cotas de gênero nas candidaturas, é preciso dar real efetividade a mecanismos legais no que se refere a esse assunto. É parte de um desafio cultural que envolve toda a sociedade brasileira”, afirmou Dias Toffoli, em março, no lançamento das propagandas. O desafio, de fato, é enorme. Mas são necessárias outras ferramentas para obter maior efetividade feminina na política. A medida em vigor é ineficaz.

O que diria Aristóteles sobre Saulo?
Dentre as justificativas que o levaram a obter só 2,77% dos votos na tentativa de reeleição, o prefeito de Ribeirão Pires, Saulo Benevides (PMDB), fez uma afirmação estarrecedora. “Acho que investiria menos na Educação, pois não teve reconhecimento”, disse ele. Quer dizer, então, que só vale o investimento na Educação se houver reconhecimento pelo eleitorado por meio do voto? É um pensamento que vai na contramão do que pregava um pessoalzinho há um tempinho atrás. “Onde quer que se descuide da Educação, o Estado sofre um golpe nocivo”, disse um tal de Aristóteles, filósofo grego, nascido em 384 a.C.

Mudou o queridinho
Um vereador de Diadema foi especialmente afetado pelo resultado negativo do partido. José Antônio da Silva (PT) não conseguir se reeleger. Parlamentar desde 2000, era o queridinho da cúpula petista da cidade. Já foi secretário de Educação e candidato a deputado estadual por duas vezes. Agora, comenta-se que ala rival dentro do PT já trabalho outro nome para concorrer à Assembleia em 2018. O nome mais provável é o de Ronaldo Lacerda, vereador mais votado do município, com 5.700 sufrágios.

Caminho sem volta?
Após receber 20,66% dos votos na corrida pela Prefeitura de São Caetano, o vereador Fabio Palacio (PR) aguarda o resultado das eleições em Santo André e São Bernardo. É possível que, mantido o favoritismo dos tucanos Paulinho Serra e Orlando Morando, receba convite para ser secretário em um dos municípios. Se isso ocorrer, o primeiro problema vai ser deixar a cidade onde nasceu, cresceu e se consolidou politicamente sem ter ônus. Vale lembrar que Iliomar Darronqui (PSD) fez o mesmo caminho (passou por Santo André e Diadema) e, ao voltar a São Caetano, sequer conseguiu vaga na Câmara neste ano. Outro problema: participar de uma gestão tucana tiraria dele o discurso de oposição ao prefeito eleito José Auricchio Júnior (PSDB). Participar de uma gestão tucana e depois criticar uma outra administração tucana pode não pegar bem. 




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