Exaustos e angustiados os jogadores
do Palmeiras pareciam nao acreditar que a partida havia acabado.
Luiz Felipe Scolari colocava as maos na cabeça, arrasado.
Cabisbaixo, nao quis cumprimentar ninguém, querendo se esconder
nos vestiários. Ninguém se conformava com o time deixar escapar
o suado empate aos 46 minutos do segundo tempo, em um chute de
Vampeta que desviou em Roque Júnior e encobriu Marcos.
"Nós lutamos demais para perder essa partida dessa
maneira. Estava 3 a 1 para o Corinthians até os 30 minutos do
segundo tempo. Conseguimos empatar em 3 a 3 e depois sai o gol
do Vampeta. Foi falta de sorte demais. Mas só que nao está nada
decidido, nao. Na semana que vem temos tudo para ganhar e chegar
à final da Libertadores da América. Nao vamos baixar a cabeça.
Eles nao podem ter sorte para sempre", falava, com raiva,
Alex.
"Nunca vi isso. Acabamos de empatar a partida no
primeiro tempo e o Marcelinho vai chutar para o gol e a bola
bateu em mim. Depois empatamos e aí a bola bate no Roque Júnior
e engana novamente o Marcos. Mas pela nossa reaçao ficou claro
que perdemos a batalha, mas nao a guerra. Tivemos muita falta de
sorte, só isso", tentava minimizar Argel.
Quando Luiz Felipe Scolari se recompôs e resolveu falar,
tratou de acabar com o caminho fácil de colocar a culpa no
acaso. "Falta de sorte nao existe. No futebol prevalece a
competência, o posicionamento, o chutar mais ao gol. Nós
perdemos o jogo no primeiro tempo porque os meus jogadores nao
estao querendo jogar feio, fazer falta. O Rogério, por exemplo,
deixou o Ricardinho fazer o que queria em campo. Em decisao nao
existe essa história de jogar bonito. Reagimos, mas o
Corinthians mereceu vencer. Pelo menos, ficaram apenas com a
vitória por um gol de vantagem. É possível reverter na próxima
semana. Mas temos de melhorar muito."
Júnior estava muito magoado porque ouviu Edu mandar
Edílson o marcar com pontapés. "Nao esperava isso do Edu. O
Edílson eu já conheço faz tempo e sei que ele bate mesmo. O Edu
gritava para ele me dar porrada. O Edílson me xingou bastante.
Mas só faz isso dentro do campo, quero ver se ele tem coragem
fora do estádio", dizia, transtornado.
Luiz Felipe balançava a cabeça de raiva de Júnior. O
treinador usou o exemplo do lateral para provar o quanto o time
foi imaturo diante do Corinthians nesta terça-feira. "Para os
meus jogadores está faltando malícia. E isso é difícil passar. O
Edílson é um malandro que passou o jogo inteiro perturbando o
meu lateral. O Júnior veio me dizer que iria quebrar a cara
dele. Eu pedi pelo amor de Deus para que desse a resposta em
campo. Se fosse expulso eu perderia um grande jogador e tudo
ficar muito pior. O Edílson disse algumas coisas para mim, mas o
bandeira ouviu e nao quis chamar o árbitro. Mas deixa para lá: o
malandro continuou em campo."
Roque Júnior tentou explicar o lance que definiu a
partida. "Eu tentei travar o chute do Vampeta, mas infelizmente
cheguei tarde e a bola desviou em mim e saiu da direçao do
Marcos. Mas eu posso falar para todos: nao vamos baixar a
cabeça. Daremos a volta para cima no próximo jogo. Nao está nada
perdido."
Pena procurou um modo fácil de resumir sua vontade de
chegar à final: "É como se tivéssemos jogado fora. O Palmeiras
perdeu a primeira partida de duas que pode levar à final da
Libertadores. Se a derrota fosse por 3 a 1, os corintianos
poderiam comemorar. Mas eles ganharam apenas por um gol de
vantagem. Nós sabemos que é muito pouco."