Assim como os dados de faturamento das MPEs apresentam melhora, a expectativa do empresariado também se mantém em alta.

Segundo pesquisa do Sebrae-SP, 44% dos entrevistados em fevereiro acreditam que a receita de sua empresa vai aumentar nos próximos seis meses, enquanto 40% acreditam em melhora das condições macro-econômicas.

Embora esses dois dados representem pouca diferença em relação ao otimismo do mês anterior, é de se notar que são os maiores percentuais positivos registrados em fevereiro desde que a pesquisa começou a ser feita.

“Por causa desse resultado, vamos rever nossas expectativas para 2008”, revela Marco Aurélio Bedê, do Observatório das MPEs. “Esperávamos que o faturamento das MPEs paulistas crescesse 4% neste ano, mas pelo que estamos sentindo, esse índice será maior.”

Governo publica pacote cambial

O governo publicou ontem no Diário Oficial da União decreto com as medidas cambiais anunciadas anteontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para conter a valorização excessiva do real ante o dólar.

O governo anunciou a eliminação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 0,38% cobrado dos exportadores e a cobrança de 1,5% de IOF para o capital estrangeiro investido em renda fixa e títulos públicos.

A medida sobre o fim da cobertura cambial (obrigatoriedade de os exportadores trazerem para o País no mínimo 70% de suas receitas obtidas com vendas de mercadorias ao Exterior) sairá por meio de resolução do Conselho Monetário Nacional.

Mantega evitou comentar a repercussão negativa para a taxação do capital estrangeiro. “Agora, o momento é de deixar os analistas avaliarem as medidas para ver a repercussão. Vamos dar um tempo para que haja um amadurecimento”, afirmou.

Analistas consideram que a medida pode ter efeito limitado sobre o preço do dólar. Mas, certamente, afetará o apetite do investidor estrangeiro pelos títulos do Tesouro. Além de elevar o custo da operação para o estrangeiro, a medida dá uma sinalização negativa, principalmente porque o ministro já avisou que, se for o caso, elevará a alíquota.

Para o diretor do departamento econômico da Fiesp, Paulo Francini, a isenção do IOF nas exportações é apenas uma correção, uma vez que o tributo não incide sobre produtos importados. “Não sabemos se as medidas vão funcionar, mas a disposição para adotá-las já sinaliza um bom caminho”, acrescentou.

O diretor de assuntos corporativos da Ford para a América do Sul, Rogelio Golfarb, avalia que o fim da cobrança reduzirá a forte pressão sobre a competitividade das vendas externas brasileiras. “Considero que as medidas são bastante positivas e mostram que o País está no caminho certo”, avaliou. Mas para o executivo, essas medidas sozinhas não são suficientes para mudar o atual cenário do setor automotivo, que registra redução nos volumes exportados.