Economia Titulo Setor automotivo
Comércio de carros zero recua 37% em outubro

Foram licenciados 192 mil veículos no mês
passado; foi o segundo pior resultado do ano

Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
04/11/2015 | 07:00
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Anderson Rodrigues


As vendas de veículos zero-quilômetro no Brasil tiveram, em outubro, o segundo pior resultado do ano. Somando automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus novos, o setor automotivo nacional comercializou 192 mil unidades, resultado 4% menor que em setembro e 37% inferior ao registrado no décimo mês de 2014.

Em 2015, esse total mensal só fica abaixo do volume vendido em fevereiro, quando foram emplacados 185,9 mil veículos. E no acumulado do ano, ou seja, de janeiro a outubro, as 2,146 milhão de unidades licenciadas representam quantidade 24% inferior ante igual período de 2014. Por essa última comparação, é o pior desempenho de vendas desde 2007, quando foram comercializados 1,983 milhão de veículos automotores.

Esses dados foram divulgados ontem pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), com base no cadastro do Renavam. Segundo o presidente da entidade, Alarico Assumpção Júnior, os fatores que impactam o setor permanecem inalterados, como a alta da inflação e dos juros, o alto índice de endividamento das famílias e a falta de confiança dos consumidores e investidores. Ele acrescenta que a queda se mantém conforme a previsão dos empresários do ramo.

“Você só compra veículo, casa, bens de maior valor se estiver tranquilo em relação ao que poderá ocorrer no futuro. Com o desemprego grande e a inadimplência subindo, as pessoas ficam mais cautelosas”, diz o presidente do SincodivSP (Sindicato das Concessionárias e Distribuidoras de Veículos no Estado de São Paulo), Octavio Vallejo.

Além da cautela dos consumidores, a aprovação de fichas cadastrais pelos bancos está difícil, assinala Daniel Menezes, gerente de concessionária em Santo André. Ele espera que as vendas reajam neste mês, com a entrada da primeira parcela do 13º salário.

PREÇO

Mesmo com as vendas em baixa, os preços dos carros não caem. Pesquisa da Autoinforme aponta que os automóveis subiram 5,5% de janeiro a agosto. Para o diretor de relações com o mercado da Fenabrave e professor de gestão de concessionárias da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Valdner Papa, isso se deve ao fato de que os volumes de vendas caíram muito e, para compensar, as fabricantes elevam suas margens de lucro. “As montadoras não vendem para o consumidor final, vendem para as concessionárias, que são obrigadas a pagar (o valor mais alto)”, diz.

Assumpção Júnior cita que a situação é delicada em muitas revendas, por causa da queda na demanda, somada aos custos elevados para manter suas estruturas. “Os ajustes estão sendo inexoráveis”, diz. Neste ano, até agosto, o saldo de empregos (diferença entre admissões e demissões) nas lojas é negativo em 135 postos na região, aponta pesquisa da FecomercioSP (Federação do Comércio no Estado de São Paulo).

Brasil fica em oitavo em ranking automotivo

Com a crise, o Brasil perdeu três posições no ranking global do setor automotivo e passou à oitava colocação em setembro, tendo sido ultrapassado por Alemanha, Índia e França. E, no acumulado do ano, agora é só o sétimo maior. Em 2014, estava em quinto lugar. Foi passado pela Grã-Bretanha e Índia. Os dados são da Jato Dynamics, líder em fornecimento de informações automotivas.

A queda do País se deveu à retração de 31,8% nas vendas no mês ante igual período do ano passado. Ao mesmo tempo, a maioria dos outros mercados mundiais registrou crescimento. A líder global disparada segue sendo a China, com 1,87 milhão de carros vendidos no mês, 1,3% mais que em setembro de 2014, e 15,6 milhões de unidades comercializadas nos nove primeiros meses do ano, 3,8% mais que no mesmo período do ano passado. É importante destacar que os dados chineses incluem apenas automóveis. Para o restante dos países, os números englobam autos e comerciais leves (picapes).

Na sequência, na segunda colocação, aparecem os Estados Unidos, com variação positiva mensal de 15,5% – totaliza 1,44 milhão de veículos licenciados no mês. Grã-Bretanha e Japão estão, respectivamente, na terceira e quarta colocações no ranking mensal. Porém, no acumulado do ano, os japoneses estão em terceiro, com 3,8 milhões de carros comercializados. 




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