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Herança política faz a diferença
Evandro De Marco
Especial para o Diário
14/11/2004 | 15:57
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O apoio de um político renomado e um sobrenome conhecido no meio, juntos, podem influenciar significativamente o eleitorado na hora de escolher seus candidatos. Quando os escolhidos são novatos na disputa e saem vencedores nas urnas, isto fica mais latente. O cientista político Gaudêncio Torquato acredita que o aval de um político na família, conhecido dos eleitores, realmente pode fazer a diferença na hora de votar. “É claro que um sobrenome forte ajuda. Tem um significado forte junto ao eleitorado.”

No Grande ABC, a aprovação nas urnas de nomes como Alex Manente (São Bernardo) – que teve votação recorde na região, com 12.507 votos –, Juarez Tudo Azul (São Bernardo), Vanessa Damo (Mauá) e Átila Jacomussi (Mauá) deixa claro que a herança política existe e está perpetuada em algumas famílias que já tornaram-se tradição nas eleições.

No caso de Alex Manente, Gaudêncio avalia que, com o nome conhecido do vereador Otávio Manente, aliado ao fato de ele ter sido secretário de Obras do prefeito William Dib (PSB), favorece ainda mais este quadro, abrindo possibilidades de criar grandes estruturas de apoio. “Em algumas regiões nós chamamos isso de coronelismo. O pai passa a herança política dele para os filhos. Os secretários de Obras sempre têm condições de se relacionar com empresários e podem, em alguns casos, utilizar isso em seu favor.”

Juarez Tadeu Ginez, o Juarez Tudo Azul (PDT), filho de José Ginez Ramble, que fez do apelido Tudo Azul uma marca em São Bernardo depois de sete mandatos como vereador, elegeu-se parlamentar com 2.510 votos. Juarez confessa que contou com a ajuda do pai, mesmo depois de ele ter morrido em janeiro do ano passado. “Meu pai sempre falava para as pessoas que eu seria o seu sucessor. Muitos vieram me dizer que votaram em mim por causa dele, porque eu sou filho do Tudo Azul”, confessa o futuro vereador.

Confusão – Mesmo com a ampla divulgação da morte de José Tudo Azul, ocorrida em janeiro de 2003, o cientista político Rui Tavares Maluf acredita que muitos eleitores podem ter votado no filho pensando que era o pai. “A maioria do eleitorado não acompanha a política e podem ter votado em um pensando que era o outro.”

Rui Tavares chama a atenção para o fato de que a influência junto aos eleitores, neste caso, fica mais direta na corrida pelos cargos legislativos, uma vez que não há oposição a nenhum candidato. “Como o número de votos necessários para se eleger é menor do que para prefeito e também não há uma situação direta de oposição, afinal os candidatos não concorrem a apenas uma vaga, o sobrenome age mais positivamente.”

Por outro lado, existe o risco de um candidato com sobrenome famoso concorrer e não se eleger. Neste caso, para Gaudêncio Torquato, a derrota é mais atribuída àquele que pensou que deixaria um legado para o herdeiro político. “Se estes candidatos não fossem eleitos seria um total desprestígio aos seus antecessores.”




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