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Sindicatos não aceitam cortes na Volkswagen
Por William Glauber
Do Diário do Grande ABC
06/05/2006 | 08:19
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Reunidos no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, 23 representantes dos trabalhadores das cinco fábricas da Volkswagen no Brasil endureceram sexta-feira o discurso contra as demissões de 5.773 empregados e o plano de reestruturação da companhia no país. Preparados para o enfrentamento, os membros do Comitê Nacional dos Trabalhadores se recusam a negociar cortes e medidas de precarização do trabalho. Os sindicalistas também articulam greve em todas as unidades da multinacional, sem anunciar data.

Os integrantes do comitê decidiram unificar a ação para impedir que o plano de reestruturação, com sistemas flexíveis de produção, seja implementado em todas as unidades do país. Em Resende (RJ), consórcio modular, por exemplo, executa a montagem de caminhões e ônibus com reduzido número de empregados diretos da Volkswagen.

Com a iminência de novos processos industriais, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (filiado à Força Sindical), Sérgio Butka, destaca a importância da unificação por conta da extensão da crise. “A empresa preparou um pacote que é um retrocesso em termos de investimentos no Brasil.” Para os sindicalistas, há ameaça à garantia de empregos no país a médio e longo prazos.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT), José Lopez Feijóo, diz que a montadora pretende, com o plano, estimular mundialmente a competição entre os trabalhadores para reduzir custos e otimizar lucros. “Cada vez que a empresa apresentar um novo modelo, haverá competição para ver quem produz mais por menos salário, descanso e benefícios.”

Para sair do ‘vermelho’, além dos cortes de ‘milhares’ de trabalhadores até 2008, a Volkswagen pretende reduzir em 25% os custos de produção. “O plano na Volks, em pleno século 21, é remeter as relações trabalhistas ao século 18”, dispara o sindicalista do Grande ABC.

Para barrar esse quadro, os membros do comitê nacional sinalizam a paralisação das atividades em São Bernardo, Taubaté, São José dos Pinhais e também em Resende e São Carlos, onde não há previsão de cortes. “A greve é uma grande possibilidade. Mas vamos fazer quando os trabalhadores estiverem preparados, e a Volks, não”, ameaça Feijóo.

Questionado sobre os possíveis prejuízos que a Volkswagen sofreria ao ter as atividades suspensas nas cinco unidades, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC foi categórico ao defender os interesses dos trabalhadores. “Estou preocupado com o prejuízo das 6 mil demissões”, rebate.

De imediato, os sindicalistas optaram por suspender a realização de horas extras. Em 2005, somente os 12,4 mil empregados da Anchieta trabalharam 700 mil horas adicionais. “Se a empresa tem excedente de quase 6 mil trabalhadores, não se justifica fazer hora extra”, avalia o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté (filiado à CUT), Valmir Marques da Silva, o Biro-biro.

Efeitos – Após a reunião, os representantes dos trabalhadores expediram um manifesto de repúdio às demissões, alertando, sobretudo, para os efeitos da decisão em outros 27 setores produtivos ligados à indústria automobilística. Segundo os sindicatos, cada emprego em montadora corresponde a 47 postos na cadeia produtiva. Em série, isso significa que 245 mil trabalhadores pode sem afetados no país.

Internacional – Para barrar os planos da montadora, seis representantes dos empregados embarcam hoje para a Alemanha. Sindicalistas de São Bernardo, Taubaté e São José dos Pinhais (PR) participarão do encontro mundial das comissões de fábrica da Volkswagen. Na Europa, os trabalhadores apresentarão a situação crítica das plantas brasileiras a representantes de outras 41 fábricas da Volkswagen pelo mundo.



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