Determinados, conscientes da necessidade de participação conjunta em busca de mudanças, preocupados com o meio ambiente, com a Educação e também com a violência. Estes são os jovens do Grande ABC, segundo estudo de iniciação científica realizado com base na sétima edição do Desafio de Redação do Diário, em 2013. Naquele ano, o concurso literário propôs aos participantes reflexão sobre o tema 2020: o que eu posso fazer para mudar o meu mundo?

O documento, denominado O discurso do jovem urbano sob uma perspectiva de futuro: uma investigação na região do Grande ABC, foi elaborado pela estudante do curso de Relações Internacionais da UFABC (Universidade Federal do ABC) Victória Romeiro Vido, 19 anos. Foram analisadas 180 redações de alunos do Ensino Médio, com idades entre 15 e 20 anos.

“Minha ideia foi identificar no discurso do jovem suas preocupações, porque eles são o canal para o futuro e suas questões representam os valores e atitudes que poderão orientar encaminhamentos de políticas públicas”, explica Victória. Para a estudante, a análise se mostrou oportuna, tendo em vista o período de manifestações registrado em 2013, no qual participou a juventude de diferentes estratos sociais.

Quase metade dos textos analisados pela aluna da UFABC (47,2%) destacou a necessidade de participação conjunta em busca de mudanças na sociedade. A preocupação com investimentos em Educação foi ressaltada por 42,8% dos jovens cujas redações foram interpretadas e em 34,4% das reflexões há apreensão quanto às questões ambientais. Outro tema que aparece entre as produções textuais é a consciência acerca do descarte correto do lixo (em 34,4% dos casos). Já a preocupação com a violência foi lembrada por 33,3% dos estudantes.

Em relação aos valores pessoais da juventude, o estudo identificou que 53,9% das produções de texto destacam que a mudança do País depende de atitudes individuais, ou seja, do famoso “cada um fazendo sua parte”. Enquanto isso, 26,7% das redações consideram as transformações internas necessárias e 30% dos alunos ressaltaram preocupação com as gerações futuras.

A estudante da UFABC chama a atenção, entretanto, para a superficialidade com que os jovens trataram os temas nos textos interpretados. Isso porque apenas 8,3% da amostra considera em seu discurso ser importante ter um ideal próprio para a mudança. “Essa ausência de ideal impressionou, porque eu acreditava que eles fossem ser mais agressivos, mas infelizmente ficou no senso comum”, comenta.

Para a elaboração da pesquisa, que durou seis meses, a jovem contou com patrocínio do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), do governo federal, e orientação da pró-reitora de pós-graduação e pesquisa da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Maria do Carmo Romeiro.