Política Titulo Grande ABC
Região dá pouco voto e muitos problemas a Dilma

Presidente terá de superar desafios em saneamento
básico, Saúde, Habitação, falta de creche e Mobilidade

Leandro Baldini
Júnior CarvalhoEspecial para o Diário
28/10/2014 | 07:00
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André Henriques/DGABC


A água contaminada percorre as precárias vielas de favela localizada na Estrada Cata Preta, em Santo André, enquanto uma criança molha seus pés no córrego poluído do local. A cena, que reúne em simples espaço problemas de saneamento básico, Habitação e Saúde, retrata as dificuldades no Grande ABC que a presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) terá de lidar nos próximos quatro anos.
A região não deu vitória à petista. Se dependesse do voto das sete cidades, o presidente seria Aécio Neves (PSDB). Mas, independentemente do resultado eleitoral, as áreas críticas são latentes e, mesmo derrotada no berço do PT, Dilma precisará agir. Além de haver locais sem saneamento e com deficit de moradia, há extensa lista de crianças fora de creche e incontáveis ruas entupidas em horário de rush, que fazem com que os municípios fiquem ainda mais longe da Capital.

Especialistas nos setores ouvidos pelo Diário classificam a atual realidade da região como “problemática”, salientando que as deficiências se sobressaem às ações realizadas pelo governo federal nos últimos anos. Eles creem que o principal entrave é o olhar partidário na distribuição de verbas e projetos, em que a burocracia costuma vencer.

A Saúde é uma das áreas mais sensíveis. Nas sete cidades há deficit de 150 médicos na rede básica, além de gargalos no atendimento nas unidades de emergência e especialidades. Segundo a médica especializada em Saúde coletiva da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Vânia Barbosa do Nascimento, o planejamento na distribuição dos profissionais deve ser prioritário. “A realidade em todo o País mostra que faltam médicos, mas antes que se pensem em agregar mais especialistas é necessário planejar como será feita essa distribuição. Na região, faltam médicos cardiologistas, urologistas, ortopedistas. É fundamental mapear toda a situação.”

No saneamento básico, a região sofre com esgoto a céu aberto em muitas localidades. Na opinião do presidente do instituto Trata Brasil, Edison Carlos, existe pouco tratamento de esgoto. “Com exceção de São Caetano, onde o sistema é universalizado (há coleta e tratamento de toda a rede), as demais cidades fazem muito pouco. Santo André é a que mais faz e só chega a 35% de tratamento. A verdade é que os municípios se preocupam mais com a água. Até porque é um instrumento de voto mais valioso.”

O deficit em vagas em creche desponta como mais emergente na Educação. O Grande ABC precisa abrir, até 2020, pelo menos 20.670 espaços para se adequar à primeira meta prevista no PNE (Plano Nacional da Educação). Na avaliação da doutora em Pedagogia Social Cida Perez, o governo federal se prendeu demais somente na construção das unidades, sem conseguir viabilizar planos alternativos. “O problema é que construir uma creche é bem mais oneroso do que uma escola comum, assim como seu custeio. É fórmula muito acertada, porque se provou que a criança se estimula mais a aprender quando frequenta uma unidade desse tipo. Mas acredito que poderia haver plano de capacitação educacional da mãe que não conseguiu enviar seu filho à creche.”

Juntos, os sete municípios registram defasagem de 160 mil moradias. Para o professor doutor em Habitação da Universidade Metodista de São Paulo Luiz Silvério Silva, o aquecimento de programas como Minha Casa, Minha Vida é importante. No entanto, há outro fator a ser destacado. “Defendo trabalhar pela descentralização urbana. Hoje, existe grande concentração. Não adianta só construir casa (sem planejamento habitacional e urbano) para sanar o problema, é necessário trabalhar pela inserção de cada pessoa na sociedade.”

Especialista em Transportes da FEI (Faculdade de Engenharia Industrial), Creso Peixoto destaca que um dos primeiros passos para reduzir problemas de Mobilidade Urbana será aumentar significativamente a malha ferroviária na região. “Será necessário atender a população de forma ampla, incluindo toda a Grande São Paulo e o Grande ABC.” 




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