A presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, afirmou ontem que estava “excessivamente generosa” ao tecer elogios, em 2009, a Aécio Neves (PSDB), então governador de Minas Gerais. À época, a petista atuava no governo Lula como ministra-chefe da Casa Civil e, em entrevista a uma rádio, declarou que, “sem sombra de dúvidas”, o tucano era “um dos melhores governadores do País”. Ela descartou contradição devido ao período eleitoral. “Não. Eu era generosa. Muito generosa. Eu diria excessivamente generosa”, frisou.

Aécio deixou a administração de Minas em 2010, depois de oito anos consecutivos. “Fiquei bastante crítica, porque a gente conhece as pessoas. Acaba conhecendo, infelizmente”, acrescentou Dilma, em entrevista ontem à tarde concedida no Centro de São Paulo. À noite, ela fez comício em Itaquera, Zona Leste da Capital. A atividade contou com a presença do prefeito paulistano, Fernando Haddad (PT), do senador Eduardo Suplicy (PT), do ex-presidente Lula, músicos e líderes de movimentos populares.

O evento reuniu cerca de 2.000 pessoas na Praça Brasil, local onde Dilma fez o último ato de campanha no pleito de 2010. A petista alegou que essa “é uma das eleições mais conflituosas” da história. A todo momento, o rapper Gog, quem ciceroneava o evento, repetia que “mulher não é leviana”, em contraponto a discurso utilizado por Aécio.

“Não lembro (de pleito) com aspecto tão agressivo. A agressividade começou com a tentativa sistemática de pregarem inverdades, ideias falsas”, afirmou Dilma. “Eles agora falam que iniciaram o Bolsa Família. Aquilo não passa de programa para poucos. O que gastaram em oito anos, a gente gasta em dois meses.”

Lula enfatizou que “jamais imaginou” que o adversário tucano baixaria o nível. Segundo o líder do petismo, não é possível que falte educação ao senador para respeitar as mulheres, inclusive, mais velhas. “Vi esse cidadão fazer com o maior cinismo apenas para ver a Dilma ficar nervosa. Se fosse (contra um) homem será que teria coragem de ser tão agressivo? Tem homem que só sabe ser durão contra mulher.”

MANIFESTO
Deputado federal reeleito pelo Rio de Janeiro, Jean Wyllys (Psol) admitiu que votou em outra candidatura no primeiro turno – Luciana Genro, candidata derrotada pelo Psol –, só que decidiu “não lavar as mãos” nesta etapa final do processo. “Vou assumir um lado. De fato os governos do PT se abrem para o diálogo com as minorias. Fico do lado do avanço social”, disse. No ato também estavam os cantores Emicida e Negra Li.

Ao justificar o apoio político, Negra Li citou que sabe bem a diferença entre as gestões do PT e do PSDB. “Sou preta e da periferia. O governo do PT é pela periferia.”