A decisão do BC (Banco Central) em elevar a taxa básica de juros, a fim de reduzir o crédito no País, já se reflete no varejo. Após um fim de ano vigoroso, a atividade varejista abriu 2011 em desaceleração, segundo o indicador Serasa Experian.

Mesmo que o movimento dos consumidores nas lojas em todo o território nacional tenha crescido 9,8% em janeiro, comparado com o mesmo mês de 2010, este resultado ficou abaixo dos 11,2% verificados em novembro do ano passado e dos 12,8% de dezembro de 2010 - sempre no critério da comparação anual.

"A atividade do comércio no ano passado atingia crescimento acima dos 10%. Por isso, dizemos que a alta de 9,8% no primeiro mês deste ano aponta que em 2011 o desempenho do setor será menor do que o obtido em 2010", exemplifica Luiz Rabi, gerente de indicadores de mercado da Serasa.

Ele explica que os consumidores estão mais endividados neste ano, já que tiveram grande facilidade em obter crédito. "As pessoas precisa honram as dívidas que contraíram ao longo de 2010. Isso se reflete diretamente no poder de compra dos consumidores."

Em janeiro, a alta no consumo do varejo foi liderada pela expansão de 15% do segmento de material de construção. Logo em seguida, com expansão de 10,4%, vieram as lojas de móveis, eletroeletrônicos e informática.

O único setor que exibiu variação anual negativa durante o período foi o de tecidos, vestuário, calçados e acessórios, segundo o levantamento da Serasa. Isso porque as fortes chuvas ocorridas na região Sudeste podem ter atrapalhado as vendas de roupas da moda verão durante o mês passado.

Para Rabi, o levantamento que será feito em fevereiro poderá apresentar crescimento ainda menor do que em janeiro, já que dívidas como o pagamento de impostos se acumulam, enquanto a oferta de crédito se restringe.

COMPARAÇÃO - Efetuados os ajustes sazonais, a atividade do comércio caiu 2,7% em janeiro deste ano em relação ao mês imediatamente anterior (dezembro de 2010).

Tal queda foi liderada pelos recuos de 1,9% no segmento de tecidos, vestuário, calçados e acessórios e de 1,3% no segmento de móveis, eletroeletrônicos e informática. Também contribui para o movimento negativo em janeiro o recuo de 0,6% do setor de supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas.