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Esse é o momento para reduzir jornada
Luciele Velluto
Do Diário do Grande ABC
17/02/2008 | 07:04
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A campanha de redução da jornada de trabalho sem cortes salariais levantada pelas centrais sindicais vem em momento oportuno diante das condições econômicas do Brasil. Diminuir o tempo de atividade produtiva será uma das principais maneiras de valorizar o trabalho no País.

É o que acreditam especialistas da área de Relações do Trabalho. “Os ganhos de produtividade precisam ser distribuídos entre os trabalhadores. Desde os anos 1970, esse movimento foi inverso, com um prolongamento do tempo econômico do trabalho”, afirma José Dari Krein, pesquisador do Cesit/ Unicamp (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas).

“A redução para 40 horas é a maior valorização da força de trabalho brasileira, que vai chegar à média mundial com esse tempo. Isso vai elevar o poder do salário. A discussão vem tarde, mas em momento oportuno”, explica Arnaldo Mazzei Nogueira, professor da FEA/USP (Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo) e FEA/PUC-SP (Faculdade de Economia e Administração da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

Para Nogueira, as centrais também estão buscando nessa campanha retomar o poder perdido. “O ambiente está favorável economicamente e para o governo Lula cumprir uma cobrança que vem desde o início de seu governo”, comenta.

Para Krein, com a redução da jornada de trabalho, a sociedade poderia ter um melhor equilíbrio econômico e social. Segundo ele, a distribuição do tempo útil é necessária para ter uma sociedade mais harmoniosa e sadia.

“Hoje, a intensificação desse período de trabalho, como horas extras, maior controle do ritmo de trabalho, metas e pressões, tem causado diversos problemas sociais, como doenças ao trabalhador”, justifica o pesquisador da Unicamp.

Krein deixa claro que a PLR (Participação nos Lucros e Resultados) não é distribuição dos ganhos. “Pode até ser financeira, mas não é social, não é agregado ao salário e não é tributado. Além disso, ela é variável”, diz.

Para os dirigentes, o uso do abaixo-assinado pode ajudar a difundir a campanha e ainda ser usado como instrumento de pressão ao Congresso Nacional.

No entanto, a geração de emprego não está relacionada apenas com a redução da jornada. O professor da USP e PUC explica que é preciso um trabalho conjunto para que isso não saia ao contrário, com investimento em tecnologia, sem abertura de vagas e ainda sem combater a informalidade.

“Precisamos de uma política de recuperação de renda, um capitalismo com lado mais social. É preciso repensar as gerações futuras, em qual mercado de trabalho queremos”, questiona Nogueira.

Contudo, os especialistas também explicam que a redução proposta não pode ser comparada com a que ocorreu em 1988. Naquele período, o País vivia um período de recessão econômica, com elevação do desemprego e dos níveis de inflação.




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