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Cemitérios da região sofrem com ação de
criminosos, que furtam placas dos túmulos

Especialista diz que objetos são derretidos e vendidos; quilo do bronze chega a R$ 540

Carolina Helena
Especial para o Diário
18/02/2022 | 00:01
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André Henriques/ DGABC


Os furtos não dão trégua nem para aqueles que já se foram. O aumento no número de casos de subtração de peças de ouro e de bronze dos jazigos dos cemitérios tem tirado a paz dos moradores do Grande ABC. De acordo com uma funcionária do Cemitério da Pauliceia, em São Bernardo, que pediu para não ser identificada, a situação piorou desde o início do ano e pelo menos 50 túmulos já tiveram itens furtados.

“De janeiro para cá piorou, estão arrancando santos, roubando vasos, placas, nomes, portões, não sobrou nenhuma cruz de paz”, conta a funcionária.

As pessoas que possuem parentes enterrados no Cemitério da Pauliceia criticam a falta de segurança. Um munícipe de 74 anos que tem parentes enterrados no local e pediu para não ter o nome revelado reclama do prejuízo. “Tenho muitos familiares lá, a gente cuida dos túmulos e vão e furtam tudo. Levaram vaso, nome e cruz. Para repor é caro”, lamentou. 

A situação se repete no Cemitério do Camilópolis, em Santo André. No local é possível perceber jazigos quebrados, sem nome, cruz ou fotos. Para Arlete Souza, 47, o descaso é a pior parte. “Tem mais de um mês que estão acontecendo os furtos. Fazemos reclamações, mas a administração diz que o responsável é a funerária, que eles próprios reclamam do que ocorre. Roubaram placas do nicho que estão meu filho e meu meio-irmão. São muitos roubos por dia.”

Quem vai visitar o local para cuidar do túmulo da família se chateia com a situação. Juraci Ferreira, 69, passou para cuidar do jazigo dos seus parentes e deu de cara com tudo danificado. “Furtaram semana passada a placa da minha família, estão levando tudo, até santo. É muito triste essa situação. Falta segurança.”, reclama.

Especialista em reparação de túmulos, e que pediu para não ser identificado, explicou que os criminosos vendem os metais. “Eles devem vender em quilo, para derreter e revender. O quilo do bronze tá caro (cerca de R$ 540)”, explica. “A venda de metais é um mercado muito amplo e que está sempre em alta, esse pode ser um dos motivos para cemitérios, com tantas placas e vasos de metais, atrairem tanto os ladrões”, acrescenta. 

A Prefeitura de São Bernardo informou que aumentou a segurança dos cemitérios. “Foram registradas duas ocorrências de furto no Cemitério da Pauliceia nos dias 2 e 10 deste mês. Nas duas ocasiões, a GCM (Guarda Civil Municipal) prendeu o criminoso em flagrante. Para coibir essa prática, a guarda tem intensificado o patrulhamento nos quatro cemitérios municipais (Baeta Neves, dos Casa, Pauliceia e Vila Euclides) e todo o entorno”.

A administração de Santo André informou, em nota, “que as ocorrências relatadas em cemitérios municipais são pontuais e tratam-se, basicamente, de furtos de peças de bronze dos jazigos. Todos os incidentes são acompanhados pela guarda municipal e investigados pela Policia Civil, após a realização dos boletins de ocorrência”. A Prefeitura também destacou que fiscaliza os cemitérios. “As necrópoles contam com câmeras de monitoramento que colaboram no processo investigativo. Além disso, ações em conjunto com a GCM e Polícia Militar, realizando rondas preventivas, colaboram na redução de índices dessa natureza.”

As prefeituras de Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra disseram que não registraram ocorrências recentes de furto ou roubo nos cemitérios. São Caetano e Mauá não responderam até o fechamento desta edição.




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