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"Homem público deve ter equilíbrio nas ações"
Por Juliana de Sordi Gattone
Do Diário do Grande ABC
10/02/2007 | 22:59
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Rodar a baiana, descer das tamancas, dar piti. Essas são expressões de domínio público usadas para descrever um momento de destempero. Gritos, gestos e dedos em riste cada vez mais fazem parte do cotidiano e, ultimamente, do dia-a-dia de políticos.

Para Marco Antônio Carvalho Teixeira, professor de Ciências Políticas, político que briga com o povo desvirtua sua condição.

“Homem público deve ter temperamento equilibrado. Até porque vai estar sempre sujeito a olhares externos. A temperança é fundamental”, analisa Teixeira.

Na semana passada, o prefeito da Capital, Gilberto Kassab (PFL), excedeu todos os limites. O pefelista partiu para cima de um cidadão que se manifestava contrário à lei de proibição de placas e outdoor. Chamando-o de vagabundo, Kassab ainda o empurrou.

Para o especialista, em uma situação de confronto iminente a melhor linha é nunca bater de frente. “Isso faz parte da dinâmica do cargo, que lida com diferentes interesses e, por isso, está sujeito a todo tipo de pressão. É da natureza.”

No caso de Kassab, Teixeira avalia que, por ser ainda pouco conhecido, sua reação vira munição para adversários. Em menos de um mês o prefeito já protagonizou três situações negativas. “Logo após o acidente da linha 4 do Metrô, circulou um vídeo onde ele falava de maneira irônica da situação dos motéis da região. Em seguida, no aniversário de São Paulo, tentou combater manifestantes que gritavam ‘Fora, Kassab’.

O especialista atribui um tom autoritário à atitude de Kassab. “Ele tentou impedir uma manifestação legítima, além de dizer inverdades sobre o cidadão.” Para ele, ser prefeito exige capacidade grande para resistir a provocações. “Recomendações de marqueteiros podem mudar a postura dos políticos. Se foi isso que aconteceu, Kassab quer mudar sua imagem de tranqüilo.”

Quem não se lembra quando Geraldo Alckmin (PSDB) tentou passar a postura de crítico – anulando a imagem de equilíbrio? Resultado: perdeu a disputa presidencial.

COMPARAÇÕES
São Paulo tem uma lista considerável de políticos temperamentais que ocuparam cargo público. Os mais famosos: ex-prefeitos Jânio Quadros e Marta Suplicy (PT) e o ex-governador Mário Covas. Segundo Teixeira, nenhum deles chegou aos pés da cena protagonizada por Kassab. “Jânio discutia, mas nunca brigou com cidadão isoladamente”, relembra.

Quando questionado se Kassab chegou perto do estilo de Mário Covas, Teixeira nega: “Caso do prefeito salta aos olhos porque ele agiu de maneira agressiva com linguajar inadequado. Diferentemente de Covas que discutia com categoria.”

Nem mesmo o gênio da ex-prefeita Marta Suplicy supera a última reação de Kassab. “Ela já bateu boca, mas nunca chegou nesse limite.” O ex-presidente Fernando Collor de Melo ficou famoso por um gesto pouco elegante: fazer uma banana com os braços. “Isso é inadmissível”, pondera Teixeira.




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