A festa das escolas de samba do Rio foi marcada por protestos contra a violência e pelo alto nível técnico das agremiações. Até a Estácio de Sá, que disputou em 2006 o Grupo de Acesso, apresentou-se com exuberância e surpreendeu o público.

Além das favoritas Beija-Flor, Salgueiro e Unidos do Viradouro, Mangueira, Grande Rio e Imperatriz Leopoldinense também têm chances. Em sentido oposto, as tradicionais Império Serrano e Mocidade Independente de Padre Miguel correm risco de rebaixamento – duas caem para o Grupo de Acesso. “Mais uma vez, o carnaval do Rio vai ser decidido por um ou outro pequeno detalhe”, previu o carnavalesco da Grande Rio, Roberto Szaniecki.

Na primeira noite de desfile, Estácio de Sá e Mangueira homenagearam o menino João Hélio, assassinado de forma brutal duas semanas atrás, na zona norte do Rio. Na segunda parte da festa, a Porto da Pedra fez uma crítica ao carro blindado da polícia carioca conhecido como “caveirão” – utilizado em incursões de risco em favelas. Pouco depois, o Salgueiro lembrou de seu vice-presidente Guaracy Paes Falcão, morto com vários tiros, dia 14, quando saía da quadra da escola.

Favoritas - Última escola a desfilar na Marquês de Sapucaí, a Beija-Flor foi brindada com gritos de “é campeã” pelo público nas arquibancadas populares. Com o enredo Áfricas: do berço real à corte brasiliana, a escola teve um pequeno problema no final da apresentação e precisou correr para não perder pontos por estourar o tempo limite, de 80 minutos.

Forte candidato à conquista, o Salgueiro mostrou suntuosidade. Com um samba melodioso, fantasias luxuosas e bem acabadas e carros alegóricos de extremo bom gosto, começou o desfile com seus integrantes dispostos a apagar a má impressão do ano passado, com a pior colocação da sua história, 11º lugar.

A Unidos do Viradouro fez sucesso no primeiro dia de desfiles e é outra candidata à conquista do campeonato. Mais uma vez, o carnavalesco Paulo Barros teve ousadia e brincou na Sapucaí com alas e carros muito criativos – destaque para o tabuleiro de xadrez sobre o qual desfilaram 300 ritmistas da bateria.

O bonito desfile da Mangueira, no primeiro dia de festa, pode ter sido arranhado pela repercussão negativa entre os próprios mangueirenses da atitude tomada por diretores e baluartes da escola, que expulsaram Beth Carvalho de um carro alegórico. A Verde e Rosa ousou colocando Preta Gil como rainha de bateria.

Embora tenha se apresentado com carros alegóricos mais simples do que o habitual, a Grande Rio pode surpreender. Ela desfilou com um enredo em homenagem à cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e ninguém chamou mais a atenção na escola que a ex-Big Brother Grazielli Massafera, a rainha de bateria.