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O que mudou após a morte de Serginho?
Por Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
29/10/2019 | 07:00
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Ambulância com UTI (Unidade de Tarapia Intensiva) na beira do gramado, desfibrilador no banco de reserva e hospital de referência na cidade na qual o jogo é realizado. Essas são algumas mudanças que ocorreram no futebol brasileiro nos últimos 15 anos, após a trágica morte do zagueiro Serginho, do São Caetano, que sofreu parada cardiorrespiratória em pleno Estádio do Morumbi, em partida diante do São Paulo pelo Campeonato Brasileiro. O desfalecimento de jovem de 30 anos, aparentemente saudável, sob olhar de milhares de pessoas serviu, ao menos, para mudar a forma como são vistos os exames de pré-temporada e melhorar a estrutura à disposição dos jogadores.

Conversei ontem com o Dr. Fábio Novi, médico com vasta experiência no futebol profissional, com passagens importantes por Corinthians e Santo André, e que atualmente está no Santos. Ele disse que o caso Serginho jogou luz no assunto e que a chama continua acesa até hoje. “Mudou muita coisa. Antes tínhamos ambulância comum no estádio, hoje temos UTI móvel. Para fazer um jogo, mapeio hospital na cidade que tenha UTI à disposição. Isso já fica planejado. Em caso de emergência, o primeiro atendimento é no campo, mas em caso de necessidade tenho para onde levar o atleta. Além disso, hoje os médicos precisam ter um desfibrilador portátil”, explicou Dr. Fábio.
Já acompanhei diversas vezes exames de pré-temporada e outra mudança é o jeito com que os jogadores encaram agora as intermináveis baterias de exames. Se antes faziam apenas para cumprir a agenda programada pelo clube, atualmente estão bem mais envolvidos no assunto e cobram das equipes diagnósticos mais sofisticados. “Os próprios jogadores pedem para serem avaliados e se interessam pelos resultados. Esta mudança de comportamento é flagrante”, destaca Dr. Fábio.

Nos dias de hoje a avaliação física do atleta vai muito além dos exames de pré-temporada. Nos times mais estruturados, os jogadores são avaliados diariamente nos treinos e jogos. Trabalham com monitor de frequência cardíaca e qualquer ponto fora da curva é reportado imediatamente aos departamentos médico e fisiológico. “Esporte de uma forma geral mudou muito. Se antes um jogador corria oito quilômetros em uma partida, hoje corre 15 quilômetros. A exigência do corpo subiu e com isso aumenta a carga sobre o coração. A medicina esportiva vai se moldando a essa nova realidade”, constatou o médico.

Bom saber que, pelo menos, a morte de Serginho não foi em vão. Serviu para aumentar a conscientização de clubes e jogadores sobre o assunto. Quantos óbitos já foram evitados nestes últimos 15 anos? Não é possível numerar, mas vários jogadores foram afastados dos campos por causa de problemas cardíacos, entre eles os atacantes Fabrício Carvalho e Washington, casos mais famosos porque atuavam em grandes times.

QUAIS FORAM AS CONSEQUÊNCIAS?
Pouca gente se lembra, mas a morte do zagueiro Serginho trouxe consequências para o São Caetano nas esferas administrativa e esportiva porque chegou-se à conclusão de que o clube sabia que o jogador havia apresentado problema cardíaco nos exames de pré-temporada.
Dentro de campo, o Azulão perdeu 24 pontos no Campeonato Brasileiro de 2004 e por pouco não foi rebaixado, estava em quinto e terminou na modesta 18ª posição, em torneio que contava com 24 equipes – os quatro último foram para a Série B. Fora das quatro linhas, o presidente Nairo Ferreira de Souza e o médico Paulo Forte foram indiciados em caso classificado como homicídio culposo, mas o processo foi arquivado em 2013.

ENFIM, RAMALHÃO TEM TREINADOR
A diretoria do Santo André oficializou ontem a contratação do técnico Paulo Roberto, como o Diário havia antecipado horas antes. O nome era o preferido da diretoria desde que o acesso para a elite havia sido consumado, mas saiu da lista quando ele traiu a confiança e, mesmo apalavrado, aceitou convite da Inter de Limeira. Em poucos dias, o treinador percebeu que nem tudo o que havia sido prometido pelo Leão seria cumprido e pediu demissão. A essa altura, o Ramalhão já negociava com Itamar Schulle e só não fechou porque ele fez várias exigências para assinar o contrato quando o acordo verbal já estava fechado.
Foi então que o nome de Paulo Roberto voltou à cena e, enfim, foi efetivada a vontade inicial. A decisão foi baseada na carteira de jogadores que o treinador tem nas mãos. Será fundamental para convencer atletas a vir para time que não tem calendário o ano todo e vive em situação delicada financeiramente. A aposta é que ele faça algo semelhante ao que fez Fernando Marchiori na Série A-2 deste ano: montar time vencedor com pouco dinheiro. Será que consegue? Façam suas apostas.

PALPITÃO DO FATTORI
Para não perder o costume, vamos aos chutes em semana que pode sacramentar o título do Campeonato Brasileiro ao Flamengo. Os cariocas terão jogos mais tranquilos que os dos palmeirenses e podem ampliar a vantagem de dez pontos na liderança. Rodada 29: Palmeiras 1 x 1 São Paulo, CSA 0 x 0 Corinthians e Santos 3 x 1 Bahia. Rodada 30: Palmeiras 0 x 1 Ceará, Chapecoense 0 x 2 São Paulo, Flamengo 3 x 0 Corinthians e Santos 2 x 0 Botafogo. Copa Paulista – semifinal: São Caetano 0 x 0 EC São Bernardo – Cachorrão leva disputa nos pênaltis. 




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