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Escolas estaduais de Santo André estão sem agentes para limpeza

Contrato com empresa terceirizada venceu em 25 de setembro; 15 unidades são afetadas

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
06/10/2019 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Diretores, professores e alunos de ao menos 15 escolas estaduais de Santo André estão, há duas semanas, fazendo eles mesmos a limpeza das unidades de ensino. Isso porque o contrato que a Diretoria Regional de Ensino da cidade mantinha com a empresa Diservice Tecnologia Especializada Eireli desde 26 de setembro de 2014 para prestação de serviço de limpeza em ambiente escolar venceu em 25 de setembro e não há previsão de nova contratação. O contrato tinha o valor de R$ 8,8 milhões.

A coordenação da subsede de Santo André da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) informou que já tinha ciência do problema e que tem cobrado da Secretaria de Educação do Estado uma solução. Segundo os dirigentes, há relatos de alunos que têm auxiliado na lavagem de banheiros e que, sem essa ajuda, as escolas não têm como funcionar. “Além da sobrecarga de trabalho e salários insuficientes, de conviver com a escassez do básico, como giz e papel higiênico, agora recebemos relatos de ‘convites’ para que pais, mães e professores executem a limpeza da escola”, discorreu o sindicato, em nota.

Docente da EE Professora Ondina Rivieira Miranda Cintra, na Vila Humaitá, relatou que a direção e os professores têm se revezado nas atividades para garantir o mínimo de condições para as aulas, que não foram suspensas nem por um dia.

Mãe de dois alunos da rede, um na Ondina e outro na EE Nelson Pizzotti Mendes, no Jardim Carla, vendedora de 37 anos afirmou que a preocupação maior é com as crianças pequenas, como a filha de 8 anos. O temor é que haja contágio de alguma doença, como diarreia, motivada pela falta de higiene. “O que a gente sabe é que os professores e outros funcionários estão se virando como podem”, relatou a munícipe.

Segundo a equipe do Diário apurou, estão sem equipes para limpeza, além das escolas Ondina e Pizzoti, as unidades Carlos Vicente Cerchiari, na Vila Progresso, Senador João Galeão Carvalhal, na Vila Bastos, Professora Wanda Bento Gonçalves, no Jardim Santo Alberto, Professor Rubens Moreira da Rocha, na Vila Alto de Santo André, Sergio Milliet Costa e Silva, na Vila Pires, Professor Gabriel Oscar De Azevedo Antunes, no Jardim Bela Vista, entre outras.

Procurada, a Secretaria da Educação do Estado informou que tem se empenhado para garantir melhores organização e limpeza das dependências das escolas. “Processo de contratação emergencial está em andamento e a situação se normalizará em breve”, relatou o comunicado, sem especificar prazos. Segundo a nota, a Diretoria Regional de Ensino de Santo André está à disposição dos pais ou responsáveis pelos alunos para quaisquer esclarecimentos.

Em fevereiro, fim de contrato deixou colégios de Mauá
na mesma situação
Em fevereiro deste ano, o Diário mostrou que a Prefeitura de Mauá teve o contrato que mantinha com a Demax Serviços e Comércio Ltda desde 2013 suspenso pela Justiça. A empresa era um dos alvos da Operação Trato Feito, desencadeada pela Polícia Federal em dezembro de 2018 e que investigava o recebimento de propina e pagamento de Mensalinho pelo prefeito Atila Jacomussi (PSB) a 21 vereadores e um suplente.

Na ocasião, professores e funcionários também se revezavam para manter minimamente a higiene das unidades. Na EM Guilherme Primo Vidotto, no Jardim Olinda, a situação chegou ao ponto de o berçário ser fechado, após um surto de diarreia atingir os bebês. Outras unidades, como a EM Chico Mendes, no Jardim Flórida, a EM José Rezende da Silva, no Parque São Vicente, e a EM Rosa Maria Martins dos Santos, no Jardim Sonia Maria, tinham situação precária.

Em junho, escolas do município enfrentaram surto de escabiose, popularmente conhecida como sarna. A licitação para contratação de nova empresa só foi iniciada em julho. 




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