Televisão ligada, jornais, duas cadeiras e porta aberta para quem quiser entrar. A banca Dois Irmãos, localizada no bairro Santa Maria, em Santo André, se assemelha a uma sala de estar, onde os jornaleiros Gregório Rodas Fontes, 52 anos, e Maria Isabel Fontes, 61, recebem amigos e clientes fiéis desde 1995.

“Trabalhava como pintor em uma fábrica de automóveis, quando decidi mudar”, contou Fontes. Ele comprou a banca, inspirado em outro irmão, também jornaleiro, e passou a trabalhar exclusivamente no local. Já Maria Isabel chegou depois de dois anos da unidade já montada. “Cuidava dos nossos pais e, quando eles morreram, vim ajudar ele (Fontes) aqui. Acabei gostando”, falou a irmã. Desde então, os dois – que são solteiros e não possuem filhos – cuidam da banca como se ela fosse a ‘caçula’ da família. “Fizemos muitas amizades. Moramos e trabalhamos neste bairro. Tenho muito orgulho do nosso trabalho”, completou a mulher.

A banca de jornais possui tratamento diferenciado aos clientes mais antigos. “Tem uma coisa que a gente apelidou de drive thru, algo que só a nossa banca tem”, revela Fontes a respeito de sistema em que os compradores param o veículo em frente ao estabelecimento e um dos jornaleiros leva até a pessoa o seu jornal de preferência e entrega o exemplar pela janela do automóvel. “É algo muito cômodo para os fregueses. A gente têm que se adaptar para garantir a clientela”, explicou Maria Isabel.

O casal destaca que o amor pelos jornais é presente entre a família. Além deles, outro irmão também atua no negócio de jornais e dois sobrinhos são jornalistas. “Um dos meus irmãos tem banca também aqui perto. Ele chegou a vender para morar no Interior, mas acabou voltando”, observou Fontes.

Maria Isabel diz ainda que o segredo de sucesso do negócio é a amizade verdadeira entre os dois. “Quando ele nasceu, eu tinha 8 anos. Ajudei a criar esse moço”, destacou emocionada. Os dois combinam os horários de trabalho. Ela fica durante o almoço e parte da tarde e ele abre e fecha a banca. Há festa quando passam um tempinho juntos, segundo o jornaleiro. “A gente ri, conversa. Um anima o outro.”