Uma comissao designada pela direçao do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) virá nesta terça-feira de Brasília ao Rio para decidir que procedimentos adotar diante da ameaça de morte sofrida por um fiscal do instituto, que tentava checar as contas da Federaçao de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj). O fiscal foi ameaçado por um diretor da entidade e, acatando instruçoes superiores, suspendeu a fiscalizaçao. O INSS pode acionar a Polícia Federal e o Ministério Público Federal para, em açao conjunta, garantir o trabalho de uma outra comissao, formada somente por fiscais, que passará a investigar a Ferj.

Um dos vice-presidentes da Federaçao, Alvaro Bragança, disse desconhecer o fato, mas assegurou que a entidade vai tentar identificar o autor da ameaça. "Nao concordo com essa prática e acho lamentável que isso tenha ocorrido", declarou.

Na verdade, a Federaçao vinha criando dificuldades para mostrar ao fiscal o borderô dos jogos do Campeonato Carioca - documento com o mapa das arrecadaçoes das partidas. Isso impediria que o INSS tributasse 5% da renda bruta de cada jogo, como determina a lei. O fiscal, lotado na gerência de Arrecadaçao e Fiscalizaçao do centro da cidade, fez várias incursoes à sede da Ferj e jamais conseguiu um contato com o presidente da entidade, Eduardo Viana.

Na última visita à Federaçao, há poucos dias, ouviu a ameaça, diante de vários seguranças da entidade. Imediatamente, ele comunicou o ocorrido à direçao nacional de Fiscalizaçao do INSS e passou a tomar precauçoes. Segundo denúncia de uma fonte do instituto, a Ferj desativou todos os controles de arrecadaçao dos jogos, com a conivência de clubes e da Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj), que passou a nao divulgar mais a renda dos jogos disputados no Maracana. O presidente da Suderj, Francisco Carvalho, explicou que o anúncio das rendas tornou-se impossível por causa do caráter promocional das partidas. "Sao vendidos bilhetes em vários pontos da cidade e o controle disso é da Ferj", disse.

A Federaçao do Rio foi a única, entre todas as federaçoes de futebol do Brasil, que se recusou a apresentar documentos ao INSS, a partir de um trabalho iniciado ano passado pelo setor responsável pela fiscalizaçao em entidades esportivas - clubes, confederaçoes e federaçoes.

A Receita Federal também poderá ser convocada para participar dessa açao coletiva a fim de averiguar as contas da Ferj. Uma medida que está sendo estudada pelo INSS, em represália à ameaça ao fiscal, seria a de uma investigaçao rigorosa nas empresas ligadas aos diretores da Federaçao. O INSS admite ainda a possibilidade de apreender todos os documentos de arrecadaçao da Ferj. Para isso, seria necessário a presença de policiais federais.