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Cirurgia plástica virou bem de consumo
Por Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
10/02/2007 | 22:31
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Um produto de consumo. É dessa forma que a plástica estética vem sendo tratada no Estado. Na última semana, o Diário visitou três clínicas da região para constatar a denúncia feita pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (veja quadro nesta página). O resultado não surpreende, mas alerta sobre a necessidade de planejar a intervenção com cautela, principalmente no que diz respeito à escolha do médico.

A primeira consulta seguiu sem grandes revelações. O profissional procurado pela reportagem não incentivou a realização de procedimentos sem necessidade e deu um diagnóstico aberto, oferecendo liberdade de escolha.

Situação totalmente diferente da enfrentada no segundo atendimento. Livre para expressar sua opinião, o médico não pensou duas vezes: sugeriu logo cinco procedimentos, em diferentes parte do corpo.

A primeira seria uma correção na orelha. Logo depois, um pequeno afinamento no nariz, seguido por um tratamento de preenchimento nas linhas de expressão. Na barriga, uma lipoaspiração e, para finalizar, próteses nos seios e aumento do bumbum. Para convencer a cliente, o profissional – registrado no Cremesp (Conselho Regional de Medicina de São Paulo) – afirmou que poderia fazer uma espécie de pacotão e dividir o valor total das cirurgias em até 25 vezes.

No terceiro consultório, opinião médica semelhante à primeira. O cirurgião solicitou somente a otoplastia (correção da orelha) e chegou a indicar alternativas de tratamento para substituir o desejo da repórter de fazer uma lipoaspiração.

Na média, a pesquisa obteve resultado satisfatório. O perigo encontrado na segunda consulta, porém, revela que a preocupação dos médicos que comandam a técnica no país é relevante. Propagandas de intervenções cirúrgicas pipocam nas grandes cidades e anunciam a cirurgia plástica como a única opção da mulher que luta pelo corpo bonito.

O marketing é proibido, segundo o presidente da regional São Paulo da sociedade, Antonio Graziosi. Ele condena a banalização da prática e alerta sobre os riscos que a compra desse produto pode causar ao consumidor. “Nosso código de ética deixa claro que esse tipo de divulgação é condenável. Não se pode prometer resultados, principalmente com a demonstração de fotos de antes e depois”, explica.

O Cremesp também luta contra a mercantilização da especialidade. Somente no ano passado, o setor de propaganda médica do conselho recebeu 306 reclamações. A maioria, segundo o coordenador Lavínio Camarim, está relacionada a casos nos quais o profissional angariou pacientes com a garantia de um visual perfeito, sem conhecer as reais necessidades da pessoa”, diz.

Segundo Graziosi, a plástica pode ser propagada, mas da forma correta. “Não se pode esquecer nunca dos riscos que envolve”, completa. A dica é saber em quem confiar. “Fiz três plásticas de sucesso. O segredo está no profissional escolhido. É preciso conhecer e confiar. Quando a decisão envolve saúde, não se pode pechinchar”, diz Sueli Boer.



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