Política Titulo Dengue na região
Prefeitos alegam falta de verba para teste da dengue

Para Consórcio, custo impede compra; em 2015
subiu em 556% número de notificações da doença

Por Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
02/02/2016 | 07:00
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André Henriques/DGABC:


Mesmo com a explosão no número de casos de doenças relacionadas ao mosquito Aedes aegypti na região, os prefeitos do Grande ABC confirmaram ontem que não há dinheiro para investir na compra de testes rápidos de detecção da dengue, zika vírus e chikungunya. Os aparelhos são utilizados para identificação precoce da enfermidade com objetivo de agilizar o tratamento.

Entre 2014 e 2015, cidades da região viram saltar em 556,3% o número de notificações das doenças relacionadas ao Aedes aegypti – 7.384 de casos autóctones (contraídos no município de residência da pessoa) no ano passado, contra 1.125 contabilizados em 2014. Coordenador do GT (Grupo de Trabalho) de Saúde no Consórcio Intermunicipal e secretário de Saúde em Santo André, Homero Nepomuceno (PT) indicou que cada teste custa entre R$ 8 e R$ 12 em média. Mensalmente, as prefeituras de Santo André e São Bernardo gastariam R$ 4 milhões cada com a aquisição dos itens, recurso que, segundo ele, não está disponível nos cofres das administrações municipais.

“Hoje, nós estamos trabalhando só com notificação e geralmente é um número muito grande na relação com os casos comprovados. São Paulo introduziu o teste rápido, mas tem custo financeiro grande, que os municípios daqui não têm condições de suportar esse adicional. Por isso, dependemos do (Instituto) Adolfo Lutz para melhorar nossa busca pelos locais e bairros”, discorreu Homero.

Atualmente, as notificações registradas pelos municípios do Grande ABC são encaminhadas ao Instituto Adolfo Lutz, ligado ao governo do Estado, que averigua se o paciente contraiu dengue, zika vírus ou chikungunya. De acordo com o coordenador do GT de Saúde, o diagnóstico às cidades da região demora porque o Adolfo Lutz prioriza locais no Estado com maior incidência de casos, como Ribeirão Preto.

“O Adolfo Lutz é o responsável para fazer a confirmação dos casos. Não estamos tendo devolutiva e isso é uma fragilidade que temos. Temos de pressionar o instituto para ter melhor retorno sobre todo o retrospecto”, questionou o presidente do Consórcio e prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT).

A despeito da crítica ao Instituto Adolfo Lutz, Marinho autorizou a Secretaria de Saúde a gastar R$ 124 milhões em dois anos para manter o Hospital de Clínicas, mesmo com o complexo registrando subutilização – apenas 12% das cirurgias prometidas foram realizadas dentro de 23 meses e ainda falta entregar metade dos leitos anunciados. Outro equipamento que consumiu dinheiro público e não dá retorno à população é o Hospital da Vila Luzita – R$ 20 milhões investidos em prédio que era para ter sido inaugurado em 2012.

Em meio à explosão no número de notificações de doenças relacionadas ao Aedes aegypti e discurso de prefeitos sobre falta de dinheiro, o Consórcio Intermunicipal promove campanha de combate ao mosquito que, até agora, se resume a orientação da população e a gastos com publicidade da nova campanha da instituição regional – R$ 9 milhões por ano são despendidos pelo colegiado com peças de propaganda. 




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