Tal campanha tem provocado alarme e mal-estar no governo argentino, pois o Brasil é o principal parceiro da Argentina dentro do Mercosul. "No governo argentino existe preocupaçao pela crescente transferência de empresas argentinas para o Brasil. Sabe-se que o presidente Fernando De La Rúa discutiu medidas específicas para conter o êxodo com os governadores Carlos Ruckauf (Buenos Aires), José Manuel de la Sota (Cardoba) e Carlos Reutemann (Santa Fé)", acrescenta o jornal.

O peronista Ruckauf, que governa a principal província argentina, anunciou na semana passada, que pedirá à Legislatura de seu distrito que aprove uma lei com sançoes para as empresas argentinas que se mudarem para o Brasil.

Segundo fontes empresariais, cerca de 28 companhias grandes e médias se mudaram para o Brasil nos últimos anos, que além de pagar salários menores aos trabalhadores oferecem isençoes fiscais de até dez anos e, em alguns casos, doa os terrenos para a construçao das fábricas. O Brasil tem também uma política de estimular suas exportaçoes mediante subsídios.

A desvalorizaçao do real, em 1999, fez com que os produtos argentinos perdessem pelo menos 30% de competitividade frente a seu sócio comercial. O peso argentino, ao contrário, está ligado ao dólar baseado em uma paridade estabelecida pela lei de conversibilidade.

No Congresso, tanto parlamentares da Aliança governista como da oposiçao peronista planejam pedir ao governo de De La Rúa que exija do Brasil o pagamento de compensaçoes pelos incentivos que oferece.

"Estamos ante uma açao deliberada por parte do Brasil de provocar o êxodo de empresas e de incentivar que os novos investimentos rumem para lá", declarou Humberto Roggero, líder do bloco de deputados peronistas.