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Juiz diz que Saddam será enforcado até sábado
Da AFP
29/12/2006 | 18:02
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O juiz da Corte de Apelações do Alto Tribunal Penal iraquiano, Munir Haddad, declarou nesta sexta-feira que o ex-presidente iraquiano Saddam Hussein será enforcado "à noite ou amanhã (sábado)". Haddad assistirá à execução.

"Saddam será enforcado esta noite ou amanhã. Representarei a Corte de Apelações durante a execução da sentença. O procurador Munqith al-Farun estará lá também", garantiu Munir Haddad aos jornalistas, em sua residência na Zona Verde, em Bagdá.

"O gabinete do primeiro-ministro me pediu para estar preparado para um atraso de uma hora", acrescentou.

Um dos advogados da defesa de Saddam Hussein também disse nesta sexta-feira em Amã, na Jordânia, que segundo as informações que ele tem, o ex-presidente iraquiano será executado "sábado ao amanhecer".

Já o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al Maliki, afirmou que "ninguém pode se opor à execução" de Saddam Hussein, que será enforcado "sem demora".

"Depois que foi decidida pelo tribunal, ninguém pode se opor à execução do criminoso Saddam Hussein", sublinhou Maliki, em declarações em um encontro com familiares de vítimas do ex-ditador, condenado à morte por enforcamento, citadas pela TV pública Iraqia.

"Aqueles que rejeitam a execução de Saddam estão minando a dignidade dos mártires do Iraque. Não haverá revisão nem demora na aplicação da sentença contra Saddam Hussein e seus co-acusados", assegurou.

O Exército dos Estados Unidos, que mantém Saddam Hussein em uma prisão desde dezembro de 2003, solicitou aos advogados do ex-ditador iraquiano que recolham os objetos pessoais do condenado à morte.

Segundo o advogado Jalil Dulaimi, que está na Jordânia, também foram solicitados a recolher os objetos pessoais do meio-irmão de Saddam, Barzan al-Tikriti, ex-chefe dos serviços de inteligência iraquianos, também condenado à morte.

Condenação – Saddam Hussein, Al-Tikriti e o ex-presidente do tribunal revolucionário, Awad al-Bandar, foram condenados à morte por enforcamento pelo Alto Tribunal Penal pela matança de 148 xiitas na cidade de Dujail (60 km ao norte de Bagdá) nos anos 80, em represália a uma tentativa de atentado contra o comboio presidencial.

A corte de apelação do Alto Tribunal ratificou na terça-feira o veredicto contra Saddam Hussein, que deve ser executado a qualquer momento em um prazo de 30 dias, a contar a partir de 26 de dezembro.

Dulaimi disse ainda que não foi informado sobre uma eventual transferência de Saddam Hussein às autoridades iraquianas, responsáveis por sua execução.

O comitê de defesa chegou a obter nesta sexta-feira autorização dos Estados Unidos para se reunir "nos próximos dias" com Saddam Hussein, mas a visita foi cancelada horas depois.

Aid-al-Adha – De acordo com uma fonte governamental que pediu anonimato, a execução de Saddam Hussein só aconteceria depois do Aid-al-Adha, a festa muçulmana do sacrifício, que começa no dia 30 de dezembro para os sunitas e 31 para os xiitas, e que dura quatro dias.

As autoridades iraquianas começaram a adotar rígidas medidas de segurança em todo o país em previsão à execução do ex-ditador Saddam Hussein, que pode acontecer a qualquer momento, segundo sugerem uma série de indícios coincidentes detectados em Bagdá e Amã.

As autoridades iraquianas não divulgaram até o momento nenhuma informação oficial sobre as circunstâncias da execução, o local da mesma ou o que acontecerá com o corpo do ex-ditador.

No entanto, um alto funcionário americano, que também pediu anonimato, afirmou na quinta-feira que Saddam poderia ser levado à forca muito em breve, "talvez a partir de sábado".

Manifestações – Em Bagdá, o anúncio do enforcamento iminente do ex-homem forte do país não suscitou até o momento manifestações de alegria ou hostilidade e os moradores de Bagdá foram normalmente às mesquitas, como ocorre toda sexta-feira.

A União Européia (UE) reiterou nesta sexta-feira a oposição à execução do ex-presidente iraquiano, por meio do ministro das Relações Exteriores da Finlândia, Erkki Tuomioja, cujo país preside atualmente o bloco. "A UE se opõe à pena de morte e esta tampouco deveria ser aplicada neste caso", declarou Tuomioja.

A expectativa internacional pela execução de Saddam Hussein e a aparente indiferença iraquiana não acabaram, no entanto, com a violência nesta sexta-feira, na qual morreram pelo menos doze pessoas e outras oito ficaram feridas.




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