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Chuva castiga região às vésperas do verão

Em S.Caetano, 410 casas foram invadidas pela água; em Sto.André, muro caiu sobre carros

Por Cadu Proieti
Do Diário do Grande ABC
16/12/2011 | 07:00
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O verão ainda nem começou - inicia no dia 23 -, mas a primeira chuva torrencial desta época que desabou sobre o Grande ABC já causou estragos em vários municípios. Após a tempestade que ocorreu na madruga de ontem, foram registrados pontos de alagamento em São Caetano e Diadema, deslizamentos em Mauá e Ribeirão Pires, além da queda de um muro que atingiu dois carros em Santo André.

Segundo informações do Sistema de Alerta a Inundações do Departamento de Água e Energia Elétrica de São Paulo, das 22h30 até as 5h choveu em torno de 79 milímetros na região, que corresponde a 20 dias de chuva em apenas algumas horas. De acordo com o Instituto de Meteorologia, não há previsão para novas tempestades no fim de semana.

A cidade mais afetada pela chuva foi São Caetano, onde a água invadiu 410 casas. Os bairros mais atingidos foram Fundação, Nova Gerty, São José, Mauá, Jardim São Caetano e Centro. O estravasamento parcial da calha do Ribeirão dos Meninos provocou alagamento total da Avenida Guido Aliberti com Avenida Lions até a Tietê; Guido Aliberti com Rua Nelson Braido e Rua Dora, no bairro Nova Gerty.

Foi decretado estado de alerta à 0h10 em todos os bairros inseridos em áreas de incidência de alagamento. Nesse período, as equipes da Defesa Civil orientaram moradores para adotar medidas preventivas.

Após a água baixar, por volta das 7h30, os moradores começaram a contabilizar as perdas causadas pela chuva. "Minha geladeira era nova e perdi. A máquina de lavar também não está mais funcionando. São 60 anos de sofrimento por causa desse problema", afirmou Ana Dinardi Chiandoti, uma das moradoras mais antigas do bairro Fundação. A situação de Ana era semelhante à de muitas outras famílias do município que perderam imóveis, roupas, alimentos, carros e outros bens.

A Vila São José só não foi palco de uma tragédia por causa da solidariedade de algumas pessoas. Raquel Souza Barbosa dormia junto com os dois filhos no momento da enchente e conseguiu sair de casa após a ajuda dos vizinhos. "Se não viessem bater na minha porta, teria morrido afogada. Não sei nadar e meu pai teve que me tirar carregada. Graças a Deus não morri, mas perdi tudo que tinha e só fiquei com a roupa do corpo", disse Raquel.

A Prefeitura comunicou que ofereceu colchões, kits de limpeza, cestas básicas e água potável a todas as famílias. Não houve registro de vítimas, desabrigados e desalojados.

O governo de São Paulo assinou contrato para limpeza dos 20 piscinões da região na terça-feira, quando faltavam apenas dez dias para o início das chuvas de verão. Mas já admitiu que dificilmente conseguirá limpar todos antes que o verão acabe.

Ponte no Córrego Taióca corre o risco de desabar novamente 

Em 2008, após forte tempestade, ponte que passa por cima do Córrego Taióca, na Estrada João Ducim, divisa entre os municípios de Santo André e São Bernardo, desabou. Cerca de três anos depois, os moradores do Jardim Oriental, em Santo André, estão com medo de novo desabamento na área.

A chuva que ocorreu na madrugada de ontem causou novas rachaduras na calçada que fica à beira do córrego. No mesmo local, um grande tubo da Sabesp também corre grande risco de cair.

Por motivos de segurança, o Serviço de Saneamento Ambiental de Santo André interditou e demoliu seis casas próximas à ponte. Porém, o entulho ainda não foi retirado dos terrenos e está sendo levado pela água da chuva para dentro do córrego.

"Tem que ser feita a limpeza dessa área o mais rápido possível, para não acontecer o pior. Nossos filhos passam pelo local diariamente e temos medo de cair tudo de novo", diz Kelly Aparecida Abraão, 36 anos.

O Semasa informou que a limpeza do local deve ser feita pela Prefeitura de São Bernardo, que negou ter responsabilidade nas intervenções. Enquanto o impasse não é resolvido, a população torce para que o pior não aconteça.

Deslizamentos de terra atingem moradias em Mauá

A forte chuva provocou quatro deslizamentos de terra em Mauá, nos bairros Jardim Oratório, Bom Recanto, Zaíra e Itausul. Apesar dos danos aos imóveis, ninguém ficou ferido. O temporal também provocou congestionamento e pontos de alagamento na cidade,

Por volta das 2h, a aposentada Eunice Amorim, 69 anos, acordou com forte estrondo vindo do quintal, no Jardim Oratório. O muro que segurava o barranco, na frente da residência, cedeu e a terra invadiu o quintal, destruindo a única escada que dava acesso à rua. "Fiquei muito assustada quando ouvi o barulho. A única saída está bloqueada", relata Eunice, que sofre de pressão alta e diabetes. Apenas às 10h uma equipe da Defesa Civil esteve no local, mas a aposentada não quis deixar a casa, apesar do risco.

De acordo com a Defesa Civil de Mauá, técnicos estão realizando o monitoramento e vistoria nas áreas de risco da cidade. Funcionários das secretarias de Serviços Urbanos e de Obras estão acompanhando o trabalho, fazendo a análise, limpeza e manutenção, conforme a necessidade. A Defesa Civil atende as solicitações pelo telefone 199. (Angela Martins)

Morador do morro do Macuco entra em alerta 

Palco da maior tragédia do verão passado no Grande ABC, na qual morreram quatro pessoas vítimas de deslizamentos de terra, os moradores do morro do Macuco, em Mauá, estão temerosos de que novos desmoronamentos façam mais vítimas. A chuva da noite de ontem reacendeu o sinal de alerta.

Quando a tempestade começou, por volta das 22h, a costureira Dejanira Almeida Nascimento, 64 anos, abandonou a casa e passou a noite na residência da prima, que mora na mesma rua. Pela manhã, viu os estragos. "A casa ficou alagada, cheia de barro. Desde o ano passado as paredes estão cheias de rachaduras, está muito perigoso. Vou embora, não posso mais viver aqui."

A residência da dona de casa Maria Terezinha Cândido de Souza, 74, também está condenada. No início do ano, ela e os dois filhos receberam aviso da Defesa Civil para deixar o local. "Ficamos fora por três meses, mas só recebemos auxílio-aluguel de R$ 300 por um mês. Não conseguimos pagar e tivemos de voltar. Tenho medo, mas não há outra saída", afirma.

A Prefeitura de Mauá obteve R$ 300 mil em recursos federais, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento, para elaboração do Plano Municipal de Redução de Riscos. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas deu início ao mapeamento em novembro e, a partir das informações recolhidas, serão identificados riscos de acordo com grau de classificação. O IPT indicará as ações necessárias e possíveis fontes de financiamento. (Angela Martins)




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