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Rio Grande: Emile já estava condenada à morte
Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
15/10/2004 | 09:02
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A polícia começa a montar o quebra-cabeça do assassinato de Emile Perez de Souza, 10 anos, encontrada morta há uma semana, em Rio Grande da Serra. Nesta quinta, foi anunciada a prisão de Júlio César Aparecido Santos Silva, 19, oitavo suspeito de ter participação na morte da filha do candidato derrotado a vice-prefeito da cidade. Ele foi preso na quarta-feira à noite, mas a polícia diz que sua identidade era mantida em sigilo porque ele e Luciano Cardoso, 25, outro acusado preso, confessaram participação no crime e continuam a detalhar o seqüestro. Segundo a polícia, a intenção final do grupo era matar a menina, após receber uma quantia de R$ 10 mil, resgate que não chegou a ser pedido à família.

"A menina conhecia o bando e, por isso, seria executada de qualquer maneira", declarou o chefe de investigação da Delegacia de Homicídios de Santo André, Ramiro Diniz Júnior. Em depoimento à polícia, dois acusados teriam dito que a idéia de seqüestro surgiu quando um deles viu o pai da menina, Nilson Gonçalves de Souza, 40 anos, pagar à vista o pessoal da campanha em um bar. A polícia acredita que o assassino tenha se precipitado ao matar Emile sem avisar o grupo. Eles teriam se assustado com a projeção do caso. Apesar de não divulgar o nome do criminoso, a polícia já acredita saber quem é ele.

Emile desapareceu na tarde do domingo de eleição. Ela acompanhava o pai, que fazia boca-de-urna na frente de uma escola estadual na Vila Suzuki, perto de sua casa. O corpo da menina, morta com três perfurações no peito (provavelmente de faca fina), foi encontrado quatro dias depois, na estrada da Caracu.

Os dois suspeitos confessos acusaram o lavrador aposentado Mário Antônio Godoy, 75 anos, de ser o "mentor intelectual" do seqüestro. Godoy, que também está preso, foi quem encontrou o corpo da menina. Ele é evangélico e afirmou ter sido guiado por Deus ao local. Segundo Santos Silva e Cardoso disseram à polícia, o aposentado teria interesse no dinheiro e discutido com o pai de Emile (a desavença foi negada pelo pai). Godoy é vizinho dos outros envolvidos no crime.

Cativeiro - Santos Silva teria sido contratado para ser o guarda do cativeiro onde a menina passou as últimas horas de sua vida, tarde e parte da noite de quarta-feira da semana passada. O imóvel de 45 m² fica numa chácara isolada na altura do número 300 da estrada Manacá, no Sítio São Francisco, num vale no meio da Mata Atlântica, a 2,5 km de onde o corpo foi encontrado. Segundo a polícia, desde que Emile foi encontrada morta, a chácara usada para cativeiro está abandonada. Nesta sexta, a polícia promete localizar o proprietário do imóvel.

Segundo a polícia, a menina deve ter passado a segunda e terça-feiras em Ribeirão Pires, já que a região do cativeiro é caminho para Ouro Fino. "Provavelmente ela ficou em uma oficina mecânica, mas ainda não achamos o estabelecimento", disse Diniz Júnior. Ele citou como evidência manchas de graxa encontradas na roupa de Emile.

A peça-chave da investigação foi a dona de casa Maria Aparecida Salviano de Oliveira, 52 anos. Ela foi vista andando com Emile na rua após o horário do desaparecimento. Maria Aparecida conta que levou a menina para casa, mas mudou seu depoimento e declarou ter feito um trajeto diferente do que havia dito inicialmente.

Além dela, foram presos entre a noite de terça-feira e a manhã de quarta-feira seu filho Fernando Salviano de Oliveira, 26, e outros dois homens que moram no mesmo terreno que Maria Aparecida, mas em casas separadas. São eles o encanador Rodrigo Monteiro Ferreira, 25 anos, e o ajudante de pedreiro Claudiomar Carvalho Alves, 30.




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