O crescente custo das operações militares no Iraque e no Afeganistão deverá voltar a ser debatido intensamente nos Estados Unidos, sobretudo se o Pentágono pedir um acréscimo de 127 bilhões de dólares ao orçamento de 2007, como sustenta um senador democrata.

Kent Conrad, o futuro presidente da Comissão de Orçamento do Senado, "soube através de fontes republicanas que o próximo pedido orçamentário seria de 127 bilhões de dólares", assegurou à AFP seu porta-voz, Chris Thorne.

Este valor se sumaria aos 70 bilhões de dólares que já foram incluídos no orçamento de 2007 para as operações militares no Iraque e no Afeganistão.

Thorne confirmou uma notícia publicada na sexta-feira pelo jornal USA Today. O jornal também cita outro parlamentar, o democrata Jim Cooper, segundo o qual o pedido seria de 160 bilhões de dólares, e um conselheiro dos republicanos sobre orçamento, Bill Hoagland, que estima em 130 bilhões "o valor mínimo" da nova solicitação.

O Congresso americano aprovou no fim de setembro o orçamento de Defesa para o ano fiscal 2007, que começou em outubro e que chega a 447,6 bilhões de dólares, dos quais 70 bilhões estão especialmente destinados a operações no Iraque e no Afeganistão.

Com esses 70 bilhões anuais, o custo das operações exteriores da "guerra contra o terrorismo" atingiu quase 500 bilhões desde 2001, dos quais dois terços se destinam ao Iraque.

Segundo um estudo do serviço de investigações do Congresso (CRS), publicado em setembro, o custo mensal da guerra no Iraque foi de 8 bilhões de dólares em 2006, registrando um forte aumento desde 2005 (6,4 bilhões). Se o pedido se confirmar, a cifra para 2007 seria então muito mais alta.

Segundo o USA Today, um eventual aumento de entre 127 bilhões e 160 bilhões levaria a "guerra contra o terrorismo", lançada pela administração de George W. Bush depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, a ser mais cara do que a guerra do Vietnã, que custou 536 bilhões de dólares (cifra ajustada de acordo com a inflação).

Segundo seu porta-voz, o senador Conrad estima que o custo da guerra no Iraque poderia passar a ser o centro do debate, enquanto que agora o foco está na quantidade de soldados que morreram naquele país desde a invasão em 2003 (mais de 2.800) e na espiral de violência.

A impopularidade nos Estados Unidos da guerra no Iraque foi uma das principais críticas dirigidas ao partido republicano de Bush e provocou sua derrota nas eleições legislativas de 7 de novembro.

O parlamentar John Murtha, que se destacou no ano passado ao pedir uma retirada imediata das tropas americanas, prometeu utilizar toda sua influência para que o país deixe de gastar tanto dinheiro no Iraque.

Por sua vez, os influentes senadores opositores Carl Levin e Joseph Biden pediram o início da retirada americana nos próximos quatro ou seis meses, uma idéia descartada pelo mais alto responsável militar para o Oriente Médio, o general John Abizaid.