A expressão “mundo véio sem portera” tem significado particular neste domingo, em Santo André, além do uso em rincões rurais. É o nome do grupo musical criado em 2003 e que se apresenta no Parque Antônio Flaquer, o popular Parque do Ipiranguinha (r. Coronel Seabra s/nº), num show de duplo tributo. Primeiro, à dama da viola Helena Meirelles (1924-2005), tia do violeiro Milton e da vocalista Sônia Araújo, que vivem em Santo André. É o primeiro show do Mundo Véio – formado também pelo percussionista Bira Azevedo e o contrabaixista Robson Passos – depois da morte de Helena, em setembro passado. O outro tributo é para a viola rio abaixo, uma afinação específica e lendária usada pela violeira, e que a tradição da família teima em não deixar perecer.

A apresentação tem entrada franca e começa às 15h com as duplas Tião Canhoto e Maurinho. No repertório, clássicos sertanejos de raiz, e os veteranos Cacique e Pajé, que relembrarão músicas de seus 28 anos de carreira.

As duas duplas terão violas de uma boca afinadas em “cebolão” – mais usada no Brasil, popularizada por Tião Carreiro, Almir Sater e outros. Mundo Véio fecha a tarde mostrando canções com temas oriundos do Mato Grosso, como Chalana e Seriema, e canções que Helena tocava. Milton Araújo usa uma viola de jacarandá baiano, de oito bocas e um som de vibração metálica, que foi de Helena e está na família há 45 anos. É a afinação rio abaixo. A diferença entre as duas: a viola em “cebolão” pode ser acompanhada ou acompanhar outros instrumentos; em rio abaixo, é talhada só para solos. E reza a lenda que é uma afinação do capeta...

No Parque do Ipiranguinha, estará no palco uma cultura familiar de Mato Grosso do Sul. Helena Meirelles aprendeu a tocar rio abaixo com um tio boiadeiro, e os irmãos Sônia e Milton, aprenderam com o irmão dela e depois com a tia. Uma linhagem de tios e sobrinhos violeiros.