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Elas são filhas do coração

No Dia das Mães, Diário conta histórias de
famílias que optaram pela adoção de crianças

Por Vanessa de Oliveira
08/05/2016 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC:


“Não nasceu de mim, mas nasceu para mim”. Essa é a frase que a dona de casa Maria Aparecida Hortencio Godoi, 64 anos, de São Caetano, carrega no coração e na vida. Casada e mãe de três filhos biológicos já adultos, nem passava por sua cabeça a ideia de adotar uma criança. Até que Natacha, 14, apareceu quando tinha apenas 1 ano. A pequena vivia em abrigo e era atendida em uma creche onde a filha de Maria era professora. “Minha filha era muito afeiçoada a ela e resolveu trazê-la para passar as festas de fim de ano com a gente. Eu disse que não queria, pois tinha certeza que o coração ia amolecer”, conta. No entanto, um dia, ao chegar em casa, deparou-se com Natacha dormindo em um colchão ao lado de sua cama e o sentimento pela menina veio de imediato. “Quando ela teve que voltar para o abrigo, era como se eu estivesse me despedindo de um dos meus três filhos”, lembra.

Para não deixá-la, a família iniciou o processo de adoção e quando Natacha estava com quatro anos, a guarda foi concedida. “Minha mãe é guerreira, porque lutou para conseguir minha guarda”, fala Natacha, com orgulho. “A adoção representa uma forma de amar e ser amado”, acrescenta a adolescente, que não tem curiosidade de procurar a mãe biológica. E Natacha realmente é muito amada, assim como protegida. “Sou preocupada em exagero”, admite Maria, como toda mãe superprotetora.

Em situação diferente vivia a produtora de eventos Salete Siqueira da Silva, 55, de Santo André. Solteira e sem filhos, ela encontrou em Catharina, 15, uma chance de reviver. A morte de dois irmãos em apenas seis meses a fez perder o chão e no dia em que ela estava decidida a tirar a própria vida, uma luz veio em forma de telefonema. “Um irmão que tinha uma fazenda no Paraná, me ligou dizendo que uma funcionária dele estava grávida de sete meses, não tinha como criar a criança e perguntou se eu conhecia alguém que quisesse adotar. Respondi: sim, eu! E em dois meses fui mãe”, lembra. Em dezembro de 2002, o Diário publicou reportagem que abordava o crescimento da adoção por solteiros e mostrou a história de Salete e Catharina, que acabava de completar 2 anos de idade.

Com a ajuda de uma sobrinha e três irmãs (uma delas já falecida), Salete criou Catharina e hoje, mãe e filha são base uma da outra. “Ela é meu porto seguro, meu exemplo e me mostrou que tudo pode ter o seu caminho certo”, declara a jovem. “Faço hemodiálise três vezes por semana, é muito difícil, mas minha filha me dá forças”, diz Salete, com lágrimas nos olhos. “Deus me escolheu para ser mãe dela e ela minha filha. É uma amor e uma ligação tão grande que nem sei explicar”, completa.

Em breve, as duas planejam conhecer a irmã de Catharina, de 19 anos, que mora no Interior de São Paulo. A adolescente não planeja procurar a mãe biológica. “Pode ser um impacto para a minha mãe, que é a Salete”, argumenta.

As duas se completam e têm personalidade parecida. “Sou muito exigente e perfeccionista e a Catharina é igual. Aí, junta os piripaques de adolescente e a gente briga, às vezes”, diz Salete. E quando o papo é a chegada da fase em que os namoricos começam a aparecer, surge uma mãe ciumenta. “Vamos mudar o rumo da prosa?”, desconversa.

Maria e Salete, mães zelosas e amorosas, são o exemplo vivo do dito popular que diz: mãe é mãe, só muda de endereço. O que realmente não muda é a proteção e, acima de tudo, o amor.




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