O governo do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), tem utilizado os eventos do OP (Orçamento Participativo) na busca de expandir a popularidade do secretário de Coordenação Governamental e de Serviços Urbanos, Tarcisio Secoli (PT), nome escolhido por Marinho para concorrer à Prefeitura na eleição de outubro.

Na primeira semana de plenárias deliberativas, abertas ao público e com possibilidade de indicações de obras, Tarcisio sentou-se ao lado de Marinho em quase todas as reuniões – na Vila do Tanque, no Jardim Farina e no bairro Ferrazópolis. Apesar de a atividade do OP não ser vinculada a nenhuma das duas Pastas lideradas por ele, Tarcisio empunha o microfone e é um dos que fala à população. O OP é projeto da Pasta de Planejamento e Orçamento Participativo, liderada pela primeira-dama Nilza de Oliveira (PT).

Tarcisio tem sofrido para subir nas pesquisas eleitorais. Ele segue longe do deputado federal Alex Manente (PPS), líder nas sondagens, e do deputado estadual Orlando Morando (PSDB). Nenhum estudo eleitoral apontou o petista com capacidade eleitoral de chegar a eventual segundo turno, fato que tem preocupado o governo, embora Marinho demonstre confiança. O prefeito, reiteradas vezes, usa seu exemplo para dizer que Tarcisio terá bom desempenho nas urnas – em 2008, Marinho, então ministro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atingia 4% das intenções de votos e foi eleito no segundo turno, contra Morando.

Expor Tarcisio nos OPs é mais uma tática do governo para alavancar o candidato petista ao Paço. Em maio de 2015, o Diário mostrou que o site oficial da Prefeitura divulgava constantemente o nome do secretário, ferindo regra da impessoalidade do poder público. Em vários materiais produzidos pela Secretaria de Comunicação a denominação de Marinho era omitida – como determina a Constituição Federal –, mas Tarcisio era exposto. Depois da denúncia, o governo retirou o nome do pré-candidato do site.

Outro plano foi nomear Tarcisio como secretário de Coordenação Governamental. Como o Projeto Drenar, obra de R$ 600 milhões de combate a enchentes na cidade, possui trechos que correm risco de não serem entregues no prazo, o petista, à frente exclusivamente da Pasta de Serviços Urbanos, poderia ficar marcado por grande intervenção paralisada.

Para a oposição, a exposição de Tarcisio nos OPs pode não funcionar. Na avaliação de Pery Cartola (PSDB), a população de São Bernardo tem “fugido de atividades vinculadas ao governo”. “Em OP, inauguração de obras ou ações do Paço você só vê comissionado. Não tem o povo mesmo, que se afastaram desses eventos porque perceberam que se trata apenas de politicagem. O tiro sai pela culatra.”

“É desespero do governo. Viu que a base de sustentação na Câmara não estará com o projeto de continuidade do PT e estão buscando todos os artifícios para tentar alavancar a candidatura dele (Tarcisio)”, apontou Julinho Fuzari (PPS).