Política Titulo
Saúde, desemprego e criminalidade concentram preocupação na região
Por Daniel Lima
Do Diário do Grande ABC
02/02/2005 | 15:13
Compartilhar notícia


Exatamente nessa ordem: atendimento público de saúde, desemprego e segurança pública. A soma dessas três áreas representa o maior peso de preocupações da população de 2,5 milhões de habitantes do Grande ABC. Exatamente 61% dos problemas estão nesses pontos. O resultado faz parte de novo desdobramento da macropesquisa que o Instituto Brasmarket preparou para o Diário e que está inserido no Planejamento Estratégico Editorial da publicação.

Exceto em São Bernardo, onde o desemprego é a maior dor de cabeça dos moradores, o atendimento público de saúde reúne a maior expectativa de atuação dos prefeitos, segundo a necessidade da população.

São Bernardo terminou em primeiro lugar na região nesses três temários, porque a soma de 20,6% de desemprego, 13,4% de saúde e 10,2% de criminalidade atinge 44,2% dos apontamentos dos moradores. Um pouco menos que os 47,1% registrados por São Caetano, o município de melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil. São 20,2% em saúde, 15,7% em desemprego e 11,2% em segurança pública.

Depois de São Bernardo e de São Caetano, quem melhor aparece no ranking é Rio Grande da Serra, que acumulou 58,2% de indicações nas três áreas: 8,3% em desemprego, 42,2% em saúde e 7,7% em segurança pública. O resultado é um pouco melhor que os 58,7% de Ribeirão Pires, decorrentes de 19,3% em desemprego, 30,2% em saúde e 9,2% em criminalidade.

Santo André é a quinta colocada da região, com índice acumulado de 63,4%, dos quais 29,3% de saúde, 22,1% de desemprego e 12% de segurança pública. Mauá vem a seguir com 78,6%, dos quais 29,6% em saúde, 28,9% em desemprego e 20,1% em criminalidade. A lanterninha da região é Diadema, com 15,2% em desemprego, 46,6% em saúde e 17,5% em criminalidade.

Tributos demais – A lista de problemas apontados por 2,8 mil entrevistados do Instituto Brasmarket que, estatisticamente, representam os 2,5 milhões de habitantes da região, apresenta outros temários. Com o segundo menor índice em saúde pública, desemprego e criminalidade, São Caetano salta na avaliação dos moradores quando o assunto é o excesso de tributos, com 19,1% de apontamentos. O número é muito elevado e supera largamente todos os demais municípios. Quem mais se aproxima de lamentações contra a carga tributária local são os moradores de Santo André, com 2,8%.

O nó górdio da administração João Avamileno, em Santo André, depois dos três pontos mais incidentes em toda a região, são os 7,9% registrados na área de educação. Em São Bernardo, a infra-estrutura e o saneamento básico foram apontados por 11,2% dos habitantes como quarto maior problema.

O que salta à vista na pesquisa do Instituto Brasmarket é que os moradores dos cinco municípios da região consultados sobre a chamada auto-estima municipal (apenas Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não foram ouvidos pelos entrevistadores) seguiram uma lógica para desvincular os pontos mais importantes que determinam a qualidade de vida e o bem-querer do local em que vivem.

Tanto que Santo André, à frente apenas de Diadema entre os municípios analisados, classificou-se em primeiro lugar no que poderia ser definido como Campeonato Regional de Auto-Estima, com 92,2% de aprovação. Ou seja: embora as áreas de saúde pública, criminalidade e desemprego sejam problemáticas em Santo André, a maioria da população não pretende mudar de cidade porque tem valores históricos arraigados que superam questões conjunturais ou mesmo estruturais.

Diadema também – Caso semelhante ao de Diadema, que apresenta a mais elevada taxa de complicações nas três áreas detectadas pela pesquisa mas que, no índice de bem-querer, ficou em segundo lugar com 89,9%, bem próximo de Santo André. São Bernardo é a prova mais bem acabada de que os moradores entrevistados pelo Instituto Brasmarket separaram a perspectiva de atendimento por parte da administração municipal e o desejo de mudar da cidade.

Enquanto criminalidade, saúde pública e desemprego, somados, chegam a apenas 43,7% de indicadores, colocando São Bernardo em primeiro lugar, no índice de bem-querer, divulgado ao longo da semana passada pelo Diário, o município alcançou apenas 51,7% da população. Quase a metade, portanto, tem intenções declaradas de mudar para outros endereços no país. São Caetano, terceira colocada no índice de bem-querer com 89,7%, obteve o segundo lugar no ranking que engloba as três mais reincidentes questões que atormentam a vida da população.

Embora haja distribuição equitativa de inquietação no Grande ABC com relação ao quadro de desemprego, que atinge 21,1% da população, entre os entrevistados com ensino superior concluído ou não a insatisfação chega a 24,4%, contra 21,3% entre os que completaram ou estão cursando o ensino médio, 20% que concluíram ou não o ensino básico e 21,5% dos analfabetos ou com menos de um ano de estudo.

O maior volume de queixas ao atendimento de saúde pública atinge 28,9% dos moradores do ensino fundamental concluído ou não. O grau de preocupação com criminalidade evolui quase que rigorosamente na exata proporção da escolaridade: sai de 6,9% entre analfabetos ou com apenas um ano de estudos, vai para 14,1% do ensino básico completo ou não, cai para 12,7% para o ensino médio e salta para 16,8% entre os moradores com ou em fase de conclusão do ensino superior.



Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;