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Terça-Feira, 23 de Abril de 2024

Descaso com o acaso
Do Diário do Grande ABC
16/07/2021 | 23:59
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O Brasil se aproxima de 550 mil mortes pela Covid-19. Somente em São Paulo foram 132 mil vítimas do vírus. Em que pese a vacinação em andamento, a imunização ainda está aquém do ideal, especialmente porque a porcentagem de pessoas com duas doses é baixa. Fora isso, existem pessoas que se portam como se a pandemia fosse mero acaso e relativizam tanto seus efeitos quanto as consequências.


Em São Paulo dois acontecimentos, um em abril de 2020 e outro neste último fim de semana, comprovam o descaso com o acaso. Afinal, em ambos um advogado resolveu dar festa para elevada quantidade de pessoas, e a maioria sem máscaras e com aglomeração inevitável. Na primeira, em seu apartamento, festa que teve a presença da polícia dada a quantidade de pessoas. Já a segunda, ainda mais sofisticada, teve a presença de mais de 500 pessoas e a cobrança de R$ 1.600 por indivíduo com direito a pocket show de dupla sertaneja.


O descaso se constata não só com o desrespeito à aglomeração e a elevada concentração de pessoas, mas sim com a possibilidade de aumento de perda de vidas em pandemia que ainda não terminou e não tem data para ser controlada. Enquanto muitos morrem outros festejam.


Quando as autoridades sanitárias chegaram para interditar o local, uma das responsáveis esbravejou: ‘Vocês deveriam fiscalizar as favelas, isso sim!’ Outro descaso com o acaso, como se a pandemia fizesse diferença entre ricos e pobres. E o pior: os ricos têm de ter passe livre para fazer o que bem entenderem. Portanto, se pegarem o vírus têm condições para pagar por sua eventual internação.


A fiscalização apurou que a maioria das pessoas não usava máscara, o que somente atesta o descaso com o acaso, pois muitos jovens estavam presentes.


Da forma como está a legislação vigente, as providências que os agentes poderiam fazer eram lacrar o estabelecimento e aplicar multa ao seu proprietário. Porém, como no local funciona escritório de advocacia, não se questiona que o mesmo será liberado em curto espaço de tempo. Pela capacidade econômica do anfitrião, a multa não terá o efeito socioeducativo ao qual se propõe, assim, a consequência será de baixo efeito prático.


Casos como o dessas festas refletem a falta de empatia e de civilidade das pessoas neste momento.  Claro está que o ‘nós’ de sociedade deixou de importar para preponderar o ‘eu’, e este ser individual não se importa com terceiros, com quantos morrem, têm sequelas, porque, no fim das contas, é tudo mero acaso.


Antonio Baptista Gonçalves é advogado, pós-doutor, doutor e mestre pela PUC/SP e presidente da comissão de criminologia e vitimologia da OAB/SP – subsecção de Butantã.


PALAVRA DO LEITOR

Aproveitadores – 1
Mais uma humilhação sofre o povo brasileiro imposta pela classe política deste País. Quando o que se esperava era que se acabasse com o fundo partidário, nosso Congresso, como verdadeiro predador, sanguessuga, escalpelador, não só não acaba como triplica o valor dessa aberração (Política, ontem). São R$ 5,7 bilhões jogados pelo ralo, enquanto a maioria da população passa fome, desempregada, sem ter o básico para sobreviver. Falta até mesmo moradia digna, como bem mostrou este Diário com a mãe que não tem casa para cuidar do filho que vai ter alta do hospital (Setecidades). Estamos nas mãos desses abutres, aproveitadores. Político no Brasil, em todas as esferas de poder, só serve para isso. Quanto mais puderem roubar do povo, o farão. E nós seguimos calados, inertes. Eles se aproveitam de nossa pacificidade.
Julio Nunes
São Caetano

Aproveitadores – 2
É, de fato, tapa na cara da sociedade existir verba partidária com dinheiro público. Mesmo porque, essa não chega na ponta. Eu, por exemplo, fui candidata a vereadora em Mauá na última eleição e não tive nenhuma verba do partido, inclusive gostaria de saber quem teve acesso à verba do MDB na cidade. Em País que ainda existem pessoas sem água potável e privada para se usar com dignidade, esse tipo de verba é verdadeiro escândalo. Sem contar que aumentaram de R$ 2 bilhões para mais de R$ 5 bilhões. Está aí um motivo grandioso para levar o povo às ruas para protesto essencial. Vergonha dos nossos governantes.
Rosângela Caris
Mauá

Aproveitadores – 3
Bons tempos quando ‘fundão’ era sinônimo de alunos um pouco mais descolados e extrovertidos nos fundos da sala de aula. Hoje, significa muita grana jogada no esgoto. Sim, porque financia campanha eleitoral dos ‘ratos’ de plantão. Acreditem: em 2018 o valor era R$ 1,7 bilhão; 2020, R$ 2 bilhões; e, para 2022, pasmem, R$ 5,7 bilhões, quase o triplo. O que justifica isso? Bolsonaro, para eleger-se presidente, gastou em torno de R$ 2 milhões. Não existem mais campanhas com showmícios e outras extravagâncias. Hoje temos internet, redes sociais e tecnologia à disposição. Não justifica tamanho desperdício em País em que milhões precisam de ajuda para alimentarem-se. É muita grana nas mãos de partidos e políticos para lá de suspeitos. Para um mísero centavo acima da inflação na correção do salário mínimo não há dinheiro, dizem. Dizem também não ter grana para investir em educação, saúde e por aí afora. Como encontram tanto dinheiro para campanha eleitoral? A classe política nos envergonha e é a principal responsável pela miséria do País. É câncer a ser combatido. Lembre-se disso e pense muito antes de dar seu voto.
Mauri Fontes
Santo André

Pelo triplo – 1
O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello negociou aquisição da vacina Coronavac com empresários pelo triplo do preço. E a negociação não fazia parte de nenhuma agenda com organismos do governo. É mais um ponto negativo constatado pela CPI da Covid no Senado. O quadro está cada vez mais confirmando irregularidades. Acusados precisam ser punidos.
Uriel Villas Boas
Santos (SP)

Pelo triplo – 2
Neste lamaçal de tentativas do desgoverno de Jair Bolsonaro de comprar vacinas superfaturadas, nova grave denúncia, que envolve Eduardo Pazuello, que negociava com intermediários, já com entendimento e compromisso assinado para o ministério comprar 30 milhões de doses da Coronavac. É de estarrecer que o negócio estava em andamento mesmo o governo sabendo que o Instituto Butantan é o único representante legal no Brasil para negociar com a chinesa Sinovac. E também espantoso e criminoso é que ele (que não faz nada sem que seu chefe Bolsonaro mande) iria pagar pela dose preço aviltante de US$ 28, ou R$ 163,08, contra os US$ 10, ou R$ 51,10, que foi vendida pelo Butantan ao governo. O triplo do preço! Ou seja, governo que comete crime contra a humanidade.
Paulo David
São Carlos (SP) 




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