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Festival judaico de cinema traz debate sobre identidade
Por Do Diário do Grande ABC
01/08/1999 | 13:35
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A cada ano que passa, o Festival de Cinema Judaico fica maior - e melhor. O quarto supera todos os anteriores. Começa terça-feira, em duas salas de Sao Paulo: na Hebraica e no Museu da Imagem e do Som. Serao exibidos filmes elogiados. A maioria trata de um tema essencial do judaísmo: a questao da identidade. Sao obras como "A Girafa", de Dani Levy "Daavid - Histórias de Honra e Vergonha", de Taru Makela, "A Governanta", de Sandra Goldbacher, e "Uma Carta sem Palavras" de Lisa Lewenz (que chega amanha para participar do evento). Se há um destaque do Festival de Cinema Judaico, porém, é a retrospectiva do mestre polonês Andrzej Wajda. Sao poucos filmes: apenas cinco, mas entre eles estao o clássico "Cinzas e Diamantes" e também o mais recente que ele dirigiu. "Semana Santa" é um requisitório violento contra a cumplicidade dos católicos poloneses no massacre de judeus durante a 2ª Guerra.

Nao é tarefa fácil desvincular o anti-semitismo da questao racial, principalmente para o espectador deste fim de século, que já viu exaustivamente, mas sempre com perplexidade (como foi possível?), a denúncia da barbárie do holocausto. É um dos grandes temas contemporâneos. No cinema, está sempre em evidência, como prova "A Vida É Bela", de Roberto Benigni. O holocausto é daqueles temas sobre os quais nao se pode silenciar.

Cada vez mais os historiadores (e artistas) discutem se nao é possível desvincular o anti-semitismo do racismo. Observam por exemplo, que cem anos antes da ascensao de Hitler ao poder, já existia no seio da sociedade alema um forte anti-semitismo intelectual e até uma repulsa generalizada ao judeu, que chegava mesmo a pensar na possibilidade de eliminaçao física deste segmento da populaçao da Alemanha.

O nazismo está no centro do filme de Lisa Lewens. Também o ator de "Rocco e Seus Irmaos", Roger Hanin, evoca sua experiência na obra-prima em cartaz na cidade e presta tributo à mae no filme que dirigiu, Sol, sobre uma família judaica no norte da Africa, nos anos 40. Mas se há alguma coisa que define o 4º Festival de Cinema Judaico é a diversidade: vários filmes dirigidos por mulheres, filmes sobre música, sobre o desabrochar sexual, finos dramas psicológicos, até uma comédia.




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