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SP oferece incentivo a ônibus a gás
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
26/05/2005 | 08:27
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O governo do Estado de São Paulo planeja lançar até o final de junho um programa de estímulo à substituição da frota de ônibus e caminhões leves movidos a diesel para GNV (gás natural veicular) na Região Metropolitana de São Paulo. O programa, que deverá incluir incentivo fiscal às fabricantes de veículos, envolve desde entendimentos com as concessionárias de gás, com as montadoras e indústrias de autopeças até com o governo federal e a Petrobras.

O secretário Estadual de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, João Carlos Meirelles, afirmou nesta quarta, durante evento em São Caetano em comemoração ao Dia da Indústria, que a idéia é levar a uma substituição progressiva da frota, com objetivo de reduzir a importação do diesel e para redução da poluição ambiental.

O país tem dependência do diesel vindo do exterior, que demanda US$ 1 bilhão anualmente. A despesa, que prejudica o saldo da balança comercial, poderia ser reduzida com o uso do gás veicular. Na Região Metropolitana, há cerca de 35 mil ônibus municipais e intermunicipais em circulação.

Meirelles acrescentou que já houve reuniões com as indústrias de autopeças e fabricantes de veículos. A intenção, segundo ele, é oferecer um incentivo fiscal regressivo - começaria com um desconto no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) que iria se reduzindo gradualmente ao longo de alguns anos - para incentivar os fabricantes. O plano envolveria tanto o incentivo para a fabricação dos veículos comerciais a GNV quanto com motorização com tecnologia bicombustível (gás-diesel).

O secretário acrescentou que o estímulo inclui também o compromisso da Petrobrás de garantir que o preço do m³ do GNV não ultrapasse 55% do preço do litro do diesel. O governo estadual negocia ainda com os municípios da Grande São Paulo um plano de substituição gradual da frota, a ser fixada nos processos de licitação das concessões das companhias de transporte coletivo.

A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) confirmou que o governo do Estado tem proposta para o estímulo à fabricação dos ônibus a GNV e que tem havido reuniões para discutir o assunto com os diversos segmentos da cadeia produtiva. Mas a associação informou que ainda seriam necessários estudos para apontar a viabilidade técnica do programa.

Produção - No país, a Daimler-Chrysler, dona da marca Mercedes-Benz, é a única fabricante a oferecer ônibus pesado urbano com tecnologia a gás. Mas, segundo a montadora, como a demanda é pequena, a produção é feita sob encomenda. Outras empresas, no entanto, entre elas a Scania, detêm a tecnologia. E a Agrale oferece no mercado o microônibus a gás natural. Um dos problemas para a expansão dos negócios dos ônibus a gás, segundo especialistas, é a restrita malha de postos GNV no país, o que causa perda do valor de revenda do veículo.

Além dos veículos 100% a gás, a fabricante de autopeças Delphi desenvolve no país a motorização gás-diesel, que tem cronograma para lançamento no final de 2006. O gerente de qualidade e projeto da Delphi, Vicente Pimenta, explica que a idéia é começar com a comercialização da tecnologia para montadoras e depois estender para a produção de kits, para adaptação dos veículos a diesel. "Já temos contatos com uma grande montadora de ônibus", diz. Ele salientou que os testes são demorados por conta da análise da durabilidade das peças.

Veículos leves - Enquanto a frota de veículos comerciais (ônibus e caminhões) ainda é pequena, as conversões de automóveis e comerciais leves para o kit GNV vêm em curva ascendente. No primeiro trimestre, houve aumento de 65% nos números de conversões, de acordo com o IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás). No Brasil, já são quase 900 mil carros convertidos.




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