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Mortalidade infantil cai 39% em 10 anos no Grande ABC
Por Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
31/05/2005 | 07:39
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Nos últimos 10 anos, o Grande ABC teve diminuição de 39% na taxa de mortalidade infantil (até um ano de idade). Em 1995, o número de óbitos para cada mil crianças nascidas vivas na região era de 22. Em 2004, o índice registrado foi de 13,45, considerado “excelente” pelo Governo do Estado. O estudo feito pela Fundação Seade com dados fornecidos pela Secretaria de Saúde mostra que a média do desempenho dos sete municípios, no ano passado, é melhor que a da capital (13,96) e que a do Estado (14,25).

Com exceção de Ribeirão Pires, que saltou de 10,85 para 17,40 em apenas um ano, as outras cidades baixaram a taxa de mortalidade em relação ao levantamento anterior, de 2003. O menor índice da região é o de São Caetano, 8,28, que está ao lado de outros 228 municípios de São Paulo com o número de óbitos por mil nascidos vivos menor que 10, realidade comum em países desenvolvidos como Suécia, Finlândia e Japão.

A DIR-2 (Direção Regional de Saúde), uma espécie de seccional da Secretaria de Saúde no Grande ABC, classificou como de primeiro mundo os índices de óbitos infantis na região. O diretor Flávio Menezes Sanches acredita que os investimentos em saneamento básico e leitos de UTIs (Unidade de Terapia Intensiva) Neonatal, além do incentivo ao aleitamento materno, foram os impulsionadores das sucessivas quedas na taxa de mortalidade. “As UTIs neonatais são excelentes. Hospitais como o Mário Covas, de Santo André, e o HMU (Hospital Municipal Universitário), de São Bernardo, realizam um trabalho invejável. Antes, bebês prematuros que nasciam com 800 gramas morriam. Hoje sobrevivem”, avalia.

O diretor da DIR-2 estima que estejam disponíveis na região cerca de 30 leitos neonatais de terapia intensiva e afirma que são suficientes para atender a demanda pelo serviço. Apesar da queda evidente no número de óbitos, só duas cidades da região estão abaixo do índice regional de 2004, São Bernardo e São Caetano. Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não só registram taxas maiores que 13,45, como também ultrapassam a taxa de mortalidade do Estado.

Dos 519 bebês do Grande ABC mortos antes de completar um ano, em 2004, 308 eram recém-nascidos com até 28 dias de vida. A principal causa de morte perinatal são os partos prematuros. Crianças muito pequenas e frágeis são facilmente vitimadas por infecções pulmonares e encefalites, que podem evoluir para quadros irreversíveis de cura. Em São Caetano, que é exemplo no combate à mortalidade infantil, a Diretoria Municipal de Saúde concentra esforços no acompanhamento pré-natal. Desde 2001, quando o município registrou aumento do número de óbitos em relação a 2000, a Comissão de Humanização do Parto e Pré-Natal funciona como vigilância permanente das gestantes.

“Mais de 90% das mulheres grávidas de São Caetano passam por pelo menos oito consultas médicas antes do parto”, afirma a diretora de Saúde, Regina Maura Zetone Grespan. Ela diz que o pré-natal rigoroso diminui em até 15% as chances de um bebê nascer antes da hora. “Uma infecção urinária na mãe, por exemplo, pode acelerar o rompimento da bolsa. Se a gestante não se alimentar adequadamente, a criança nasce com baixo peso, e pode ter as mesmas complicações de um prematuro”, explica.

São Bernardo, que tem a segunda taxa de mortalidade mais baixa do Grande ABC, também aposta na prevenção de partos prematuros para manter em queda o índice de óbitos. Além do trabalho realizado pelo HMU, referência regional em terapia neonatal, o acompanhamento de doenças respiratórias em bebês será reforçado nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) do município. “Quase 25% dos bebês com menos de um ano morrem na cidade por causa de complicações pulmonares”, alerta a coordenadora do Comitê de Mortalidade Infantil de São Bernardo, Marisa da Matta Aprile.

Incentivar os partos normais em vez de cesarianas é uma das medidas que a Prefeitura de Santo André pretende adotar para continuar baixando a mortalidade infantil. “Muitas mães antecipam o nascimento ao recorrer às cesarianas, às vezes desnecessárias. Para melhorar os índices de mortalidade, estudamos a criação da Vigilância do Óbito Infantil, para analisar todas as causas de morte dos nossos bebês”, afirma a secretária de Saúde, Vânia Barbosa do Nascimento.

A Prefeitura de Ribeirão Pires responsabiliza a gestão anterior pelo aumento significativo na mortalidade infantil registrado em 2004. O atual secretário de Saúde e vice-prefeito, Jorge Mitidiero, afirma que o atendimento pré e neonatal foi negligenciado e que muitos serviços, antes paralisados, foram reativados. “Retomamos o pré-natal nas unidades de saúde dos bairros e o programa alimentar para bebês e crianças desnutridas. Além disso, triplicamos em apenas um mês o número de partos realizados em Ribeirão Pires, que hoje chega a 90 por mês.” O secretário garante que a taxa de mortalidade deve voltar a cair neste ano. “No ano que vem vamos ter uma boa notícia. Porque esta é realmente preocupante.”




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