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Murer já conta com substitutas

Ayla e Juliana, também de São Caetano, aparecem como sucessoras da campeã no salto com vara

Por Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
19/09/2016 | 07:00
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A aposentadoria de Fabiana Murer, anunciada após a Olimpíada do Rio de Janeiro, abriu lacuna no salto com vara. Mesmo com a estruturação do centro de treinamento da BM&FBovespa, em São Caetano, nos últimos 15 anos não havia surgido ninguém que pudesse dar continuidade aos bons resultados que a brasileira conseguiu, entre eles os títulos mundiais indoor e outdoor.

Todas as fichas, inclusive as de Fabiana, estão apostadas em dois talentos com histórias parecidas com a da campeã e que já treinam em São Caetano. Juliana De Menis, 20 anos, e Ayla Sakamoto, 19, são cotadas para assumir o protagonismo na prova.

Assim como aconteceu com Fabiana, as novatas Juliana e Ayla chegaram ao salto com vara depois de iniciar na ginástica artística e crescer muito para continuar na modalidade. A boa impulsão e a facilidade para executar os movimentos chamaram a atenção e elas estão sendo lapidadas por Elson Miranda, mesmo treinador e que virou marido de Fabiana.

Apesar das inevitáveis comparações, ainda mais com Juliana, que fisicamente lembra a campeã mundial, elas querem buscar seus espaços, mas assumem a responsabilidade de conseguir bons resultados.

“A Fabiana deixou um legado e temos a esperança de poder chegar perto do que ela conquistou. Agora cada vez mais vamos competir em busca de resultado e não só como experiência”, analisa Juliana. “Sabemos que temos de dar nosso melhor e buscar a perfeição, como ela fez. Para chegar ao nível dela é difícil. Estamos no caminho. É preciso ter a mesma garra”, completa Ayla.

As duas concordam que tiveram, mesmo que por pouco tempo, a melhor professora que podiam. “Agora vai ser diferente. Antes tinha ela aqui no treino, do nosso lado, agora ela vai vir, dar dicas, mas não vamos ter mais aquele espelho. Ela contava suas experiência na Europa. Ensinou que treino tem de concentrar. Tinha um caderninho onde anota tudo e isso temos de pegar de experiência”, sugere Juliana. “Só de treinar aqui, vendo ela saltar, já foi uma aula. Muitas vezes temos de pegar vídeos na internet para aprender alguma coisa. Por ter sido atleta, a Fabiana sabe como nos ajudar, mudar um posicionamento, fazer ajustes no salto. Ela falando fica muito mais fácil de entender”, elogia Ayla.

 

Técnico avalia que desafio será grande

Elson Miranda, técnico e marido de Fabiana Murer, é cauteloso ao projetar futuro para Juliana De Menis e Ayla Sakamoto no salto com vara. Ele sabe que condições físicas e técnicas elas têm, mas para se tornar atleta de alto nível é preciso mais do que isso. Serão muitas horas de treinos e repetições para sonhar com títulos mundiais.

“Elas têm capacidade e porte físico. Temos materiais e condições para desenvolver a prova. Depende, entre outras coisas, delas entenderem, treinarem e se dedicarem plenamente. Quero dar condição, base para atingirem o alto nível”, destaca.

O técnico ressalta que, por enquanto, não são só as histórias das três saltadoras que se parecem. Os resultados também. Com 20 anos, Fabiana saltava os mesmos 3,90 m que Juliana e Ayla já atingiram.

“A Fabiana começou a despontar no cenário mundial aos 24 anos. Em contrapartida, temos jovens saltando 4,60 m. Isso não quer dizer que essas meninas de fora vão continuar subindo. Tudo é uma questão de evoluir aos poucos”, ensina.

 

Sobre a lacuna no salto com vara feminino, Elson diz que isso é consequência da falta de investimento. “No Brasil temos pouca gente envolvida com atletismo e menos ainda com o salto com vara. Se tivéssemos mais centros como o de São Caetano, teríamos mais atletas. Para comparar, existe torneio nos Estados Unidos que envolve 1.000 atletas. No Brasil não temos 100 atletas cadastrados na confederação”, lamenta.

 




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