Moradora do Jardim Alzira Franco, em Santo André, sofreu descarga elétrica ao pisar em fios de alta tensão que caíram de um poste da AES Eletropaulo. O acidente ocorreu na Avenida das Nações, esquina com a Rua Jutlandia, no Parque Capuava, na mesma cidade. O caso aconteceu na tarde de segunda-feira.

Antonia da Penha Machado, 65 anos, ia até uma casa lotérica pagar contas quando encostou no cabo de alta tensão. Socorrida por uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), deu entrada no CHM (Centro Hospitalar Municipal) de Santo André inconsciente e com quadro de queimaduras nos órgãos internos, insuficiência renal e respiratória, além de corte profundo na cabeça, provocado pelo impacto da queda.

De acordo com os familiares, testemunhas contaram que já haviam solicitado à AES Eletropaulo a retirada dos fios, porém, sem êxito. Os filhos de Antonia procuraram pela empresa, que colocou uma assistente social para acompanhar o caso. Como o CHM não é especializado em queimaduras desse nível, a profissional ofereceu três opções para transferência, os hospitais Nove de Julho, Samaritano e das Clínicas, todos na Capital. A família, no entanto, ainda não tem definição sobre o encaminhamento.

“Na terça-feira estava preparada toda a documentação para transferir minha mãe para o Hospital Nove de Julho. Responsável pela Eletropaulo veio ao CHM para finalizar o procedimento, mas não foi efetuado e ninguém nos falou nada. Minha mãe necessita de um hospital especializado”, falou o encarregado de produção Anselmo José Ferreira Machado, 42, filho de Antonia.

Irmã de Machado, Deolinda Ferreira Machado Hernandes, 42, relatou que durante toda a manhã de ontem tentou contato com a assistente social, mas que não teve retorno. “Uma outra mulher atendeu dizendo que verificaria com o CHM o estado de saúde dela, mas não respondeu. Minha mãe está febril e vai evoluir para um quadro de infecção se não for transferida para um local que comporte a necessidade dela. O maior problema é a omissão da Eletropaulo”, criticou Deolinda.

A AES Eletropaulo não informou sobre a possibilidade de transferência, apenas disse que “lamenta o ocorrido e esclarece que está prestando auxílio à Sra. Antonia e sua família”. A Prefeitura de Santo André, responsável pelo CHM, não se pronunciou sobre o estado de saúde da paciente.

Bairros da região ficaram quase 48 horas sem luz

Após a tempestade que atingiu a Grande São Paulo na madrugada de segunda-feira, bairros de Santo André e São Caetano ficaram sem energia elétrica por quase 48 horas. Diversos moradores reclamaram de prejuízos em razão da perda de alimentos perecíveis que foram deixados fora do refrigerador.

Segundo a concessionária AES Eletropaulo, as panes foram provocadas pelos ventos de cerca de 100 km/h e pela queda de aproximadamente 5.000 árvores na Região Metropolitana. A empresa diz que 2.000 eletricistas foram colocados nas ruas para reconstruir os trechos danificados. Também houve problemas em bairros como Vila Mariana, Moema, Vila Olímpia e Ipiranga, todos localizados na Zona Sul de São Paulo.

Devido ao longo período em que os consumidores ficaram no escuro, o Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) do Estado notificou na terça-feira a AES Eletropaulo para que prestasse esclarecimentos sobre o apagão.

Entre as informações solicitadas pelo órgão, são feitos questionamentos sobre o número de chamados realizados, a quantidade de equipes deslocadas para atendimento, quantos locais ainda precisam passar por reparos e qual é o prazo final para que todos os problemas sejam solucionados. Na página da concessionária em uma rede social, diversos usuários ainda se queixavam de falta de energia em bairros da Capital durante a tarde de ontem.