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Nada é o que parece

Chata essa história de Presidência da Câmara, não? Não interessa a ninguém, a não ser aos candidatos!

Por Carlos Brickmann
25/01/2009 | 00:00
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Chata essa história de Presidência da Câmara, não? Não interessa a ninguém, a não ser aos candidatos!
Mas interessa, sim. E pode influenciar a vida de cada um de nós. O motivo de tanta luta é um cálculo sinistro: o presidente da Câmara é o segundo na linha da sucessão do presidente da República. Como o vice, José Alencar, está com a saúde abalada e talvez não possa assumir, o presidente da Câmara passa a ser o sucessor de Lula. Fica a uma batida do coração do mais alto cargo da República.
Mas fiquemos numa linha mais otimista. O presidente Lula viaja muito; e, nessas viagens, o substituto tem o poder de fazer muita coisa em pouco tempo. Pode nomear e demitir. E Lula, ao voltar, que descasque o abacaxi. Ou, em outra hipótese, se vier o terceiro mandato (pela manobra do fim da reeleição), o presidente da República precisaria se desincompatibilizar para concorrer. Pense só: o PMDB, que é o que é sem estar na Presidência, que é que faria se estivesse!
Já a história de Presidência do Senado continua chata, não? Não interessa a ninguém, a não ser aos candidatos!
Mas interessa, sim. Ao lado de Sarney, do PMDB, há gente interessada na volta por cima, como Renan Calheiros e Roberto Jefferson. Sarney quer o cargo não só para ajudá-lo a retomar o Maranhão, onde perdeu força, mas também para evitar investigações muito duras sobre seu filho. E, de bônus, se o PMDB presidir Câmara e Senado, dará ampla contribuição à luta contra o desemprego.

PMDB 2010
O PMDB fez uma jogada brilhante no Congresso. Tudo indica que Sarney leve o Senado, batendo o petista Tião Viana. Mas, se o PT se vingar na Câmara, retirando votos de Michel Temer, a ala não-quercista do partido pode desistir da candidatura oficial à Presidência, unindo-se a Quércia no apoio ao tucano Serra.

PÂNICO FINANCEIRO
O anúncio de que uma grande quantia foi bloqueada no Exterior, em meio às investigações sobre o Grupo Opportunitty, provoca pânico em certos setores: não tanto pelo dinheiro, que isso eles conseguem mais, mas pela identificação de seus donos, que podem ser expostos e processados. Remessa ilegal de divisas é crime; e pode caracterizar lavagem de dinheiro, outro crime, já que, se foi enviado ilegalmente, era "frio". O governo divulgou dois números diferentes (US$ 500 milhões e US$ 2 bilhões), e, como é caso de cooperação internacional, não revelou o nome dos proprietários do dinheiro bloqueado. Mas já sabe quem são.

PARA NÓS, NADA...
A Hyundai, maior empresa sul-coreana, que havia se comprometido a construir uma fábrica de automóveis em Piracicaba, SP, decidiu adiar o investimento, devido "às condições de negócios globais", como disse seu vice-presidente T. H. Chung. É a segunda vez: na primeira, há pouco mais de dez anos, a Asia Motors, subsidiária da Kia, chegou a lançar a pedra fundamental de uma fábrica em Camaçari, na Bahia. Na sequência, a Kia foi comprada pela Hyundai, que suspendeu o investimento. O Governo brasileiro até hoje cobra da Hyundai a devolução dos incentivos que recebeu para importar automóveis, mais a multa devida.

...PARA ELES, TUDO
Nas negociações para investir algo entre US$ 500 e US$ 600 milhões, a Hyundai e o Governo coreano pressionaram o Brasil para extraditar um dos acionistas da Asia Motors, Chong Jin Jeon, condenado à prisão na Coréia. Jeon foi acusado de "enganar os diretores" da gigantesca empresa coreana para levá-los a investir no Brasil, como se fossem ingênuos garotinhos recém-chegados ao mercado. O Brasil cedeu às pressões e, no fim do ano passado, extraditou Jeon, apesar de suas três filhas brasileiras. Pagou o preço e ficou sem o investimento. Quem foi enganado?




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