O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, retomou nesta segunda-feira o trabalho de "gerente" do governo, revelando-se bem mais animado com a nova função do que na semana passada. No embalo da divulgação da fita de vídeo que mostrou o subprocurador-geral da República José Roberto Santoro negociando perdão judicial ao empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, Dirceu disse nesta segunda-feira ao ministro da Previdência Social, Amir Lando, que não perderá tempo remoendo mágoas.

Os dois ministros almoçaram juntos para tratar dos projetos em curso no Ministério da Previdência, mas falaram das "motivações políticas" do MP (Ministério Público). Na conversa, o chefe da Casa Civil deixou claro ao colega que, a despeito da insistência dos adversários em colar nele o caso Waldomiro Diniz, a disposição é de superar o episódio e cuidar do futuro do país.

Dirceu quer centrar esforços na eficiência da gestão Lula porque está convencido de que o sucesso do governo depende muito mais da capacidade de ação administrativa e política do que do debate em torno do caso Diniz. "O homem público não tem o direito de remoer o passado, e sim o dever de construir o futuro", concorda Lando.

Mesmo afastado da coordenação política do governo, agora entregue ao chefe da Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais da Presidência da República, Aldo Rebelo, Dirceu fez elogios ao partido do ministro. "Ele valoriza o PMDB como aliado importante num processo não somente de apoio, mas de coalizão", contou Lando, depois do encontro. "O processo de integração do PMDB ao governo ainda está em curso e pressupõe um diálogo contínuo", completou o ministro, para quem o "ajuste fino" na construção de um governo de coalizão é uma tarefa diária que implica muito convívio e muita conversa.

Para aproximar mais o partido do Palácio do Planalto e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Rebelo organiza um encontro da cúpula do PMDB com o chefe do governo esta semana.